“Seu guarda, Seu guarda, por favor/Devolve minha plantinha pra eu queimar”. Certamente você já deve ter ouvido esse refrão numa das grandes rádios brasileiras. Trata-se de um trecho da música “Seu Guarda”, o single de estréia da banda Orbitais.
Os caras estão chegando com tudo no mundo da música. Com um estilo diferenciado, os Orbitais fazem um reggae pouco comparado ao de bandas tradicionais como Cidade Negra e Natiruts. E fazem questão de pontuar as diferenças: “A nossa é uma proposta bem diferenciada, nós trazemos outras vertentes do reggae, mais pra cima. Já essas bandas seguem um estilo mais roots. Mas se a gente for comparado, não tem problema, porque essas são bandas muito importantes”, disse o vocalista Rodrigo Lampião em entrevista ao Virgula.
Aliás, o cara é o líder da banda, mas foi o último a chegar. Se o Orbitais já tem aproximadamente cinco anos, Lampião está há pouco mais de um ano com os demais integrantes (Belex, David, Tobé, Chunito, Fouad e Fau). Ainda assim, ele garante que se identifica muito com os companheiros.
No início, quando ainda chamava Espaciais, a banda tocava em barzinhos, sem muito compromisso. Com o tempo, passou a mostrar suas próprias músicas nos lugares, tentando atingir planos mais altos. “No primeiro ano, a banda já viu que tinha potencial”, afirma Lampião.
A primeira chance veio em 2000, com um contrato com a gravadora EMI. Produzido por Rick Bonadio, o primeiro CD dos caras (Orbitais) foi lançado no começo de 2002, mas não fez sucesso.
A parceria acabou e os Orbitais resolveram começar tudo de novo. Chamaram Lampião e começaram a pensar num segundo álbum. Pegaram 5 músicas do primeiro disco, juntaram outras 7 novas e criaram Tempo Contra Tempo, lançado no final de 2003.
Para Lampião, o segundo álbum tem tudo para dar bons resultados: “O primeiro disco não foi muito bem trabalhado. Agora a gente tá bem confiante, esse é um trabalho para dar certo mesmo. A banda está mais amadurecida”.
Realmente, nota-se um grande cuidado em todas as áreas. Tanto nas compsições, quanto nos arranjos, até mesmo no encarte do CD.
A explicação para o nome do álbum vem no relase da banda: “Em nosso disco, falamos quase sempre sobre o tempo e o efeito que ele exerce sobre nossas vidas. Tempo em que passamos por amores, decepções, situações constrangedoras, engraçadas, enfim, uma mistura de sonhos e sentimentos que de alguma maneira tentamos transportar para nossa música, seja ela de um jeito divertido, contando uma história, ou sob a forma de poesia, para que as pessoas façam sua própria interpretação”.
Todas as músicas são compostas por Belex. E se você pensa que o cara é novo nesse ramo, tá muito enganado. Ele já fez composições para Luiza Possi e Tihuana, entre outras bandas. Aliás, o Tihuana é o grande parceiro dos Orbitais. Além de os integrantes já se conhecerem há um bom tempo, Leo e Baía fizeram algumas participações em Tempo Contra Tempo.
Mas os Orbitais já chegaram com músicas polêmicas. Diversas faixas do CD fazem referência às drogas, principalmente à maconha. Lampião não acredita que isso possa comprometê-los: “Estamos sossegados, porque a nossa música é uma sátira. A questão de ser usuário ou não é uma questão pessoal, é uma opção pessoal da banda. É claro que a gente tem receio de ser confundido, porque é um assunto delicado de falar. Mas a gente não está fazendo apologia não”.
Bom, com polêmica ou sem, os Orbitais sabem muito bem quais são seus planos: “Nossa expectativa é que o público conheça os Orbitais. A gente vem com uma proposta diferente, abrindo a cabeça das pessoas para novas influências, com vertentes que são evoluções do reggae moderno. Vamos mostrar um novo reggae, música brasileira, que é o mais importante”.