Por que não? Bem, essa é a pergunta que Kelly Key faz em seu quinto disco. Além de dar nome ao CD, Por que não é também uma das faixas do mais novo trabalho da cantora carioca.
Pegue e Puxe, a primeira música de trabalho, foi uma das cinco indicadas por Kelly e acabou escolhida pela gravadora. Eles tiveram muito bom gosto, contou ela em entrevista por telefone ao Virgula-Música. A música traduz bem o disco: tem balanço e na maior parte das letras fala de relacionamentos, idas e vindas de um namoro e paqueras.
Durante a entrevista, Kelly revelou que não gosta muito de suas composições, e por isso prefere cantar músicas de outras pessoas. Minhas letras falam de coisas que marcaram minha vida. Mas tenho vergonha e por isso coloco poucas músicas minhas nos discos. Por que não? traz três músicas de minha autoria. A gravadora achou legal colocar e eu aceitei, conta Kelly.
Perguntada se costuma ouvir seus CDs, Kelly diz que ouve uma semana direto para ver o que faltou, mas depois passa a se dedicar à apresentação das músicas ao vivo. Nos shows tenho mais liberdade e posso mudar alguma coisa nas músicas, diz ela.
Em seis anos de carreira, ela diz ter perdido o medo
Todo mundo conhece a música Baba, primeiro grande sucesso de Kelly, cujo disco vendeu meio milhão de cópias. O ano era 2000. O que mudou nesses seis anos? Segundo a cantora, ela perdeu o medo de se posicionar, de dar a sua opinião. Acho que quem está de fora pode falar melhor de mim. Outro dia estava conversando com um repórter e ele disse que na primeira vez que me entrevistou, no 1º disco, eu era monossilábica. Tinha medo de falar alguma coisa e ser mal interpretada, comenta Kelly.
Sobre ser exemplo para seus milhares de fãs, a maioria criança e jovens, ela diz que hoje se preocupa menos com isso. Independente dos outros, tenho meus filhos e eles é que vão buscar exemplo em mim, nos pais. Procuro ser sincera e não mentir, e com o público, não faço nenhuma personagem, sou eu, porque sei que me arrependeria e seria criticada por isso, diz. Mas quem acha que a carioca é uma mãe moderna, se engana. Kelly não se considera uma mãe aberta.
Mesmo com a pirataria, ela ganha um disco de ouro por CD
Que a pirataria atrapalha os negócios, isso todo mundo já sabe. Mas são os artistas mais populares, que atingem o grande público brasileiro que sentem o problema na pele. Hoje nós convivemos com a pirataria fingindo não ver. Fico pensando: vendi 500 mil cópias do meu primeiro disco, numa época que a pirataria já era forte. Há dez anos teria vendido muito mais, ou seja, isso prejudica demais o artista, comenta Kelly Key.
Outra conseqüência que a cantora aponta é a diminuição dos artistas brasileiros nas gravadoras. Na minha gravadora eu sou um produto e se não vender bem, não interessa a eles, diz Kelly, mas no seu caso, a relação com a Warner vai muito bem obrigada. Em todos os meus trabalhos garanti um disco de ouro. É uma vitória e mantém a minha gravadora interessada. Prova do interesse é que a artista recebeu uma proposta da gravadora para mais um disco, que deve sair em 2007 e foi convidada para participar de um projeto, em dezembro, até então inédito, mas que ela guarda a sete chaves.
Em meio a tantos contras, Kelly vê um ponto positivo na pirataria. Minha música chega a mais pessoas, o que se reflete nos shows. Mas ela adverte: pirataria continua não sendo um bom negócio.