Em dezembro de 1982 o mundo foi apresentado a Thriller, o álbum de Michael Jackson que é um dos mais importantes da história da música no século 20. Foi esse disco, produzido por Quincy Jones, que consolidou de vez a carreira solo de Jackson e o transformou numa mania mundial. O sucesso foi tão gigantesco que o álbum é o mais vendido de todos os tempos.
Bom, também não é pra menos, afinal entre as nove faixas há clássicos incontestáveis como Billie Jean, Thriller e Beat It, que inundaram as rádios dos quatro cantos do planeta. Além das letras altamente inspiradas e com refrões pegajosos, Thriller contou com a participação do produtor Quincy Jones, um midas dos estúdios com quem Michael desenvolveu uma longa parceria que teve início com o disco Off The Wall, de 1979. Off the Wall é o primeiro disco-solo adulto de Michael e trazia uma diferença clara de seus álbuns na fase criança e também dos trabalhos junto com o Jackson Five (sua banda junto com os irmãos). O estilo era bem mais moderno, com batidas inovadoras e totalmente contagiantes. Esse esmero na produção foi elevado à enésima potência em Thriller, com Jones mostrando tudo o que sabia fazer dentro de um estúdio.
Mas, obviamente, um produtor musical não consegue enganar por muito tempo o público se não tem um artista genuíno nas mãos. E Michael, nesse início de anos 80, realmente era um entertainer (como os americanos gostam de chamar) completo. O cara compunha bem, cantava sensacionalmente, tinha senso de moda, era sexy, jovem e dançava como ninguém. Foi um diamante bruto lapidado ao longo dos anos de Jackson Five e que ficou prontinho em 1982 com o lançamento de Thriller.
O álbum contou com as participações de Eddie Van Halen, Paul McCartney e até do ator Vincent Price. Van Halen tocou guitarra em Beat It, o que deu um toque totalmente novo a esta canção que tem uma levada dance muito forte. Aqui, mais uma vez, podemos ver o dedo de Quincy Jones: foi sua a idéia de colocar um solo matador de guitarra, o que deu uma pegada rock ao arranjo. Num momento mais tranqüilo do disco, aparece McCartney em The Girl is Mine, uma baladinha divertida. Billie Jean era um irresistível chamado à pista de dança, com letra bem sacada e produção impecável. Com a explosão de Billie Jean a MTV americana, em início de carreira, se viu obrigada a colocar no ar o clipe, o primeiro de um artista negro na emissora. Thriller é outra que merece um destaque especial. Tem a participação do ator Vincent Price, um dos grandes nomes do cinema de terror, que surge com uma narração e uma risada insana. Além disso, o clipe desta canção é uma verdadeira revolução do gênero, contando uma historinha com começo, meio e fim, o que influenciou todos os clipes que viriam dali em diante.
Nos anos 80, a carreira de um disco era bem mais longa quando bem sucedido, claro do que os de hoje em dia. Por isso mesmo, Thriller ficou no primeiro lugar das paradas mundiais por vários meses seguidos, emplacando um single atrás do outro. Fora a qualidade das músicas, a presença de Quincy Jones e clipes inovadores, Michael também apareceu com coreografias sem paralelo no mundo pop. Inventou o moonwalk, aqueles passo em que se desliza os pés para trás, dando a impressão de estar flutuando. Também usava uma luva toda brilhante, roupas especiais, jaquetas diferentes, enfim, lançou moda que foi seguida por todo mundo.
Tudo isso, transforma o disco num dos mais importantes da música pop. Simplesmente esqueça o fato de Michael só ter feito besteira de uns anos pra cá, de não ter conseguido gerar mais sucessos, de ter sido julgado por pedofilia, por ter pendurado seu nenezinho numa sacada de prédio e o que mais quer que seja. Faça um favor a si mesmo e, sem preconceito, ouça Thriller. Você vai descobrir um tesouro.
Michael Jackson – Thriller
Ano: 1982
Gravadora: Sony Music
Produção: Quincy Jones.
Faixas: 1. “Wanna Be Startin’ Somethin’ / 2. “Baby Be Mine” / 3. “The Girl Is Mine” / 4. “Thriller” / 5. “Beat It” / 6. “Billie Jean” / 7. “Human Nature” / 8. “P.Y.T (Pretty Young Thing)” / 9. “The Lady in My Life”.
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