Enquanto muitas bandas se enveredam pelo rock moderninho ou pelo folk dissolvido, os paulistanos do Cobras Malditas se embrenham no terreno híbrido do blues e do rock direto e cru, com letras que falam basicamente sobre mulheres.

Segundo a própria definição dos caras eles seriam algo como “Jon Spencer em uma interminável viagem de ácido, ou Hound Dog Taylor espancando cada membro dos Sonics em uma briga de bar”.

Quando fomos atrás deles, nossa única referência era o baterista Zé, que também toca no Borderlinerz, mas ao ouvi-los, nós simplesmente gostamos. Assim, de cara. Tão imediato como um soco no estômago. É por isso que o Raio-X da semana é dos Cobras Malditas. Confira!

Início

A banda existe desde 2004, quando Alessandro Psycho (vocal) e Rogério Tarantino (guitarra/violão), influenciados pela cena rock de Detroit, resolveram montar a banda aqui no Brasil. Com a idéia fixa na cabeça, não demorou muito para que Marcelo Schenberg (guitarra, violão) e Zé (bateria), que compartilhavam interesses musicais semelhantes, surgissem para completar a formação da banda.

“Eu já era amigo do Rogério, com quem eu conversava sobre várias bandas que curtíamos. Então, em 2003, fomos para Detroit, onde vimos vários shows legais por lá, o que nos motivou a montar nossa própria banda quando voltamos”, conta Alessandro Psycho em entrevista ao Virgula Música.

“Isso aconteceu nos primeiros anos da Funhouse [clube alternativo que surgiu em agosto de 2002] e, na época, o Marcelo era um dos donos do clube. Quando a gente voltou de Detroit, ele havia acabado de voltar de Nova York e já tocava guitarra num estilo garage, blues, punk. Chegou um momento em que nos juntamos todos, mas ainda faltava um baterista. Foi quando Rogério chamou o Zé, que ele conhecia da faculdade, e assim o Cobras Malditas estava completo”.

Com exceção de Rogério Tarantino (esse é o sobrenome dele mesmo!), todos os outros integrantes possuem ou já fizeram parte de outras bandas. “Eu tinha uma banda de blues com o Marco Butcher [Rocha], chamada Black Mambas, com a qual saímos em turnês pela Argentina, mas que acabou pouco depois de voltarmos”, conta Psycho.

Além dele, Marcelo tocava em uma banda chamada Sellouts, e o Zé, atual vocalista do Borderlinerz, já tocou também em uma banda punk de garagem chamada Holly Tree.

Influências e nome

As influências do Cobras Malditas passeiam entre o blues e o soul. “Eu, por exemplo, gosto bastante de Bo Diddley e Link Wray, que são dois guitarristas norte-americanos mais ligados ao soul e que influenciaram bastante a minha formação musical”, conta Psycho. “Os outros integrantes da banda estão mais para o blues, conhecem mais o estilo, não o moderno que toca no Bourbon Street, mas o blues mais underground, o blues raiz”, acrescenta.

Já quanto à escolha do nome, inicialmente a banda tinha o nome em inglês: Godness Snakes. “Mas aí ninguém conseguia falar, então a gente resolveu mudar para o português mesmo e ficou Cobras Malditas, na tradução literal”, conta Psycho. “Sempre tive uma fixação com cobras, acho que soa bem. Não é a toa que minha outra banda se chamava Black Mambas”.

Músicas

A banda possui um EP, “Love Myself For Hating You, com quatro músicas que eles distribuem gratuitamente nos shows. Além dessas quatro faixas, os caras possuem cerca de 30 músicas que ainda não foram gravadas. Como muitas bandas independentes, estão atrás de uma gravadora ou alguém para bancar o custo da gravação do álbum.

“Se não rolar, nós faremos do nosso jeito. Vamos continuar gravando em rolo, temos uma aparelhagem vintage, que vai deixar o som mais legal, do nosso jeito. Mas é um processo que demora mais”, conta Psycho.

Paralelamente a isso, o selo argentino Rastrillo irá lançar um vinil sete polegadas com um faixa dos Cobras Malditas e mais uma faixa de outras três bandas sul-americanas, duas de cada lado, intitulado Southamerican Teenage Garage Punk.

As músicas dos caras estão disponíveis na página no MySpace (/ascobrasmalditas).

Shows

O clube que os caras adoram se apresentar é o CB Bar (localizada na Rua Brigadeiro Galvão, 871 – Barra Funda). “Nossa casa predileta é o CB, é o nosso canto em São Paulo. Sempre que tocamos, chamamos uma galera”, conta Psycho.

Mas esse amor incondicional não é por acaso. Além tocar eventualmente com sua banda no CB, Psycho é também um dos DJs residentes na festa Tiki Twist, que estréia nesta quinta-feira (13), ao lado dos DJs Sérgio Barbo e João Gordo.

“Estamos sempre trazendo bandas independentes para tocar no CB, trazemos bandas da Argentina, em parceria com a casa, bandas do Uruguai, inclusive uma do Chile, chamada Tormentos, de surf music”, explica Psycho.

“Mas também tocamos bastante na Funhouse, na época de ouro, que foi no segundo ano de casa. Já tocamos desde a Outs, que vai um público mais adolescente, até uns mais difíceis de tocar, como a Amp Galaxy e a D-Edge”, acrescenta.

A banda já fez uma dupla turnê com a banda canadense King Chan & BBQ pelo país. Tocaram também no maior festival de bandas de garagem da Argentina chamado Buenos Aires Stomp.

Em relação aos festivais nacionais, Psycho não se mostra muito interessado. “Temos um pouco de bode dos festivais nacionais. Sou amigo dos organizadores do Abrafim [Associação Brasileira de Festivais Independentes de Música] e sei que existe muita politicagem em relação aos festivais, não pagam direito as bandas, colocam 30 bandas para tocar no mesmo dia.. É muita festa, não é sério”.

O próximo show dos caras acontecerá só depois de sair o vinil Southamerican Teenage Garage Punk. “Faremos um show de lançamento, provavelmente, no CB, por que é um lugar com um tamanho ideal de palco e um público bacana. Até lá, não temos previsão de shows”, explica Psycho.

Procura-se selo

Psycho expressa a vontade da banda de sair tocando por vários lugares, mas tais planos esbarram em problemas práticos. “O Marcelo está sempre ocupado com o Berlim, o Rogério estuda artes plásticas na FAAP, o Zé, além do Borderlinerz, toca em outros projetos do Thunderbird, como a Beatles Forevis, e eu faço vários bicos, discoteco no CB, também faço assessoria da casa… Então para isso acontecer, precisaria que algum selo se propusesse a lançar a gente”, desabafa.

Recado dado alguém se candidata?!


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Raio-x com a banda paulistana As Cobras Maldita