Prestes a lançar o álbum Funky Funky Boom Boom (Sony Music), programado para a primeira semana de novembro, o vocalista Rogério Flausino e o guitarrista Marco Túlio fizeram três dias de divulgação em rádios de São Paulo. O Virgula Música acompanhou a visita deles aos estúdios da Jovem Pan.
Em entrevista à reportagem, Marco Túlio contou que eles pretendem trazer o herói da guitarra Nile Rodgers, que tocou no disco e o produtor Jerry Barnes para participar de um show da turnê, que começa em março do ano que vem. “A gente está querendo raptá-los lá para poder participar com a gente”, afirmou. Os dois tocam no Chic, então dá para sonhar em ver a banda de Everybody Dance e Le Freak em 2014 no Brasil.
Além de Barnes, que substitiu o baixista original do Chic, Bernard Edwards (1952-1996), o novo do Jota tem co-produções de Adriano Cintra (Ex-CSS e atual Madrid) e Pretinho da Serrinha (Seu Jorge e Trio Preto+1). No disco, a banda retoma as influências da black music, que marcaram a chegada da banda mineira à cena pop rock brasileira, no final dos anos 90. Nile Rodgers, um dos fundadores do Chic ao lado de Edwards, participa do primeiro single do disco, a suingada Mandou Bem.
Ouça Mandou Bem
Rodgers é um dos autores do superhit Get Lucky. do Daft Punk, já fez parcerias com estrelas como Madonna, David Bowie, e fez da sua guitarra uma assinatura disputada por qualquer artista do mundo. Sobre o convite ao guitarrista, que a banda conheceu durante um show fechado justamente ao lado do Chic em 2011, Marco Túlio diz que Barnes fez o meio de campo. “A gente pensou nisso (o convite a Rodgers) porque o Jerry é um parceiro dele e poderia fazer essa ponte com o Nile que é um cara da história da black music. Eu considero Chic muito mais que uma banda de discoteque e tal, acho que o Chic está no coração da black music, uma vertente da black music, assim como Marvin Gaye também está, assim como Michael Jackson“, afirmou.
Sobre o trabalho com Barnes, o guitarrista diz que foi marcado pelo clima de paz e pela fertilidade. “Foi uma grande supresa, a gente convidou o Jerry para produzir uma ou duas músicas e a nossa expectativa estava em torno disso, e ele ficou com a gente duas semanas, saíram 13 músicas. Então, o embrião do disco já estava pronto naquele momento”, lembrou.
Para Marco Túlio, Rodgers e Barnes, injetam algo novo no pop. “Partindo do ponto em que a gente vive reciclando e revivendo sempre de uma maneira nova, eu acho que o Daft Punk, com a relevância que eles têm, com a expectativa que eles geraram em torno do álbum, de repente aparecem com uma estética calcada nessa coisa dos anos 70, mas de uma maneira totalmente moderna”, avaliou.
O músico recusa a ideia de que a banda tenha aproveitado o aumento da popularidade do guitarrista para chamá-lo. “Foi uma feliz coincidência porque a gente estava tentando engatar essa parceria já há um tempo e depois que o Nile veio com o Daft Punk, se tornou o hit do mundo de novo. Apesar de a agenda dele ter bombado e tornado mais difícil a participação, ele veio com uma referência não só dos anos 70 e não só dos disco que ele produziu nos anos 80, mas que vem agora com o single do ano”, defendeu.
“Acima de tudo é uma música muito boa, uma puta de uma música. Que não é só uma estética, tem ali um conteúdo musical ali, uma batida, uma melodia, que é muito bacana. Acho que isso aí é o carro-chefe de tudo.
A nossa intenção (de chamá-lo) não tinha a ver com o Daft Punk, o Daft Punk foi só uma coisa que valorizou ainda mais e trouxe para a nova geração que é um cara dos anos 70″, afirmou.
Além da aproximação com Chic, o Jota Quest também prepara uma incursão na obra de outra lenda da música negra setentista, o Earth, Wind and Fire. Rogério Flausino gravou vocais sobre a base My Promise, nova faixa da banda. “Na verdade, isso surgiu de um pedido para gente participar do disco. É uma versão que o Rogério cantou, não é uma versão do Jota. Mas a gente assume como do Jota ali. A gente tem uma afinidade também, é outro personagem dos anos 70, que para mim extrapola a questão do baile, da noite, da dance, da disco. Earth, Wind and Fire, Kool & The Gang e Chic, para mim são três ícones da black music dos anos 70″
A faixa não está no novo disco do Jota: “Isso aí provavelmente vai ser lançado no disco do Earth Wind and Fire, futuramente, não sei quando”, disse.
Com um currículo que também inclui a aproximação com o música negra feita no Brasil, de Tim Maia, Cassiano e Hyldon – deste último gravaram As Dores do Mundo -, Marco Túlio crê ser um dos papéis de artistas contemporâneos estar atento à produção histórica e a compositores que podem não ter seu papel devidamente reconhecido pelo mercado. “Eu acho que essa ponte contemporânea para a nova geração é importante. Você consegue fazer isso com a sua própria carreira ou através de artistas que são referência para essa nova geração. O Daft Punk é um artista referência. Então, o Nile Rodgers, o Chic, e toda aquela música dos anos 70, voltou por iniciativa, eu imagino, do Daft Punk. Então essa ponte é sempre importante.”