O cantor Daniel passa por um bom momento na sua vida profissional. Hoje ele é jurado do The Voice Brasil, que vai ao ar às quintas-feiras, na TV Globo, e tem uma música na abertura da novela das oito, sempre uma ótima vitrine para o trabalho de um artista. Em entrevista ao Virgula Música, ele conta sobre como é a experiência de participar do programa de talentos e sobre o musical baseado em sua vida feito para comemorar seus 30 anos de carreira, que saiu m DVD.
“É muito bom poder participar desse projeto, e ele também me trouxe um fortalecimento ainda maior dessa questão desse DVD. Quando eu me deparei com tal qualidade musical, tantas personalidades com tanto talento ali na minha frente, veio a certeza ainda maior que, poxa, eu tenho que fazer mesmo esse musical. Estar em cima do palco e cantando com outras personagens, com outras personalidades, aflorou ainda mais a minha vontade. É muito bom poder estar ali, poder de alguma forma estar somando na vida dessas pessoas e aprendendo muito com eles também, porque é uma troca”, afirma.
Ele também negou que existam desavenças entre os jurados nos bastidores do programa. “Eu estava lendo uma matéria agora há pouco dizendo que não havia harmonia nenhuma entre a gente ali nos bastidores. Não tem nada a ver. Desde o primeiro instante a gente foi muito bem recebido um pelo outro, existe um cuidado muito grande entre a gente, existe um carinho e acima de tudo muito respeito, tem uma harmonia muito grande nos bastidores. No momento dos ensaios, nos momentos de descontração, e é exatamente aquilo que a gente passa para as câmeras, é o que acontece ali, verdadeiramente no nosso cotidiano”, diz. Leia a entrevista feita por telefone a seguir:
Virgula – Como surgiu a ideia de fazer um musical para comemorar os seus trinta anos de carreira?
Daniel – Essa ideia na verdade já surgiu há algum tempo, de trazer os musicais pro meu show. Mas os anos foram passando e a gente nunca fazia. Como surgiu essa oportunidade de comemorar essa data tão expressiva do meu trabalho e da minha história, nós resolvemos trazer essa coisa dos musicais. Acabou dando muito certo, a gente obteve um resultado positivo. Conseguimos unir a técnica de cena, a experiência do musical e do show em si. Fomos felizes na criação do roteiro, feito pelo Daniel Salvi que é um roteirista maravilhoso. E a escolha de repertório. Acho que tudo isso atrelado ao pessoal que está em cena, ou seja, o elenco, acabou nos dando a possibilidade de ter esse resultado tão positivo e legal
Como foi a experiência de ter um roteiro que foi baseado na sua vida?
Daniel – O fato de poder estar no palco e ver a minha história acontecendo na minha frente, eu ali de testemunha… Quando eu recebi o primeiro roteiro, eu já me emocionei. Todas as etapas foram emocionantes. Quando os arranjos começaram a chegar, as músicas elaboradas, a forma como tudo foi costurado, tudo bem amarradinho, bem conduzido… Os pout-porris, a interatividade de cada um ali no palco… As obras que eu ainda não havia interpretado, como por exemplo, Solidão de Amigos, do Gessé, que me ajuda a contar os reencontros que eu tive na minha vida, da dupla formada com o João Paulo, essa canção do Elvis [Bridge Over Troubled Water], que chega nesse momento impactante do show que é justamente quando acontece o acidente do João Paulo… Quando eu canto Te Amo Cada Vez Mais, a canção do Guilherme Arantes, Meu Mundo e Nada Mais, meu pai cantando comigo, Na Boleia do Caminhão.. Eu revivi, eu vi um filme passar na minha frente, da minha vida, da minha própria história, e eu acho que ficou muito legal. Na verdade, um jornalista até me perguntou agora se eu tinha noção de que tinha tanta história pra contar. A gente acaba não tendo essa noção.
Você falou da participação do seu pai. A sua família toda estava envolvida na produção, ou você escolheu fazer alguma surpresa pra eles?
Daniel – O primeiro impacto foi engraçado, porque eles não sabiam do que se tratava. Saibam que eu estava construindo um novo show, mas o primeiro impacto foi interessante, porque da forma que eles viram… Quando nós estreamos esse projeto, nós fizemos duas apresentações em São Paulo e uma no Rio de Janeiro no final do ano passado. Foi meio um teste mesmo. As pessaos que estavam ali presentes começaram a entender o andamento das coisas a partir do momento em que começou o show. E pra minha família foi da mesma forma. Só agora na gravação que eles já sabiam do que se tratava. Até meu pai ficou pegando no meu pé que o cara [que o interpretou] devia ser um pouco mais parecido com ele. Eu tive que explicar, “mas pai, a gente não estava procurando alguém parecido com o senhor, a gente quer contar a sua história de alguma forma, de alguma maneira”. E foi tudo o que aconteceu.
Teve alguém da família do João Paulo que assistiu?
Daniel – Na primeira versão e no primeiro dia da gravação do DVD foi o Nino. A Rosi, a ex-esposa dele, estaria presente, com a filha dos dois, Jéssica, mas não sei o que que houve e elas não puderam ir. As duas são as pessoas com quem eu mais tenho contato atualmente.
E como foi a reação?
Daniel – Foi legal. Essa questão de trazer à tona toda uma história e de manter acesa a imagem do João Paulo é uma coisa inevitável, não tem como a gente não fazer isso, eu vivi com ele 15 anos, a gente começou tudo isso juntos. É formidável ter o prazer e o privilégio de fazer isso.
Na parte da perda do João Paulo no DVD, você cantou a música do Elvis, Bridge Over Troubled Water. Essa música teve algum significado especial no momento em que ele faleceu?
Daniel – Nos nossos bate-papos com o diretor do show, o Marcelo Amiky, nós conversamos sobre as minhas referências. Eu contei da possibilidade de trazer uma canção do Elvis, que era algo que eu tinha muita vontade. E nesse momento o Marcelo teve a ideia, de colocar Bridge Over Troubled Water nesse momento, já que a música fala exatamente do que eu passei, daquele estágio da minha história. Foi aí que ela se enquadrou dentro do repertório. Mas ela não tem alguma relação com a época não. Eu te amo cada vez mais é a música mesmo que diz tudo, tudo o que eu vivi naquele momento.
Do cenário atual do rock, tem alguma banda que você ouça?
Daniel – Olha, se tratando de música, eu curto de tudo. Inclusive participando desse projeto [The Voice], eu acabo me deparando com outros estilos musicais. Eu acho que tudo que faz bem pra gente, tudo o que é harmonioso acaba sendo do nosso agrado. Eu tô convivendo com Lulu Santos, Claudinha Leitte e Carlinhos Brown, e esse contato cria qualidade. Eu acho que a música é isso, essa transferência cria total condições pra isso. Inclusive bandas, que não deixam de ser um pop rock, como o Rosas de Saron, eu acho maravilhosa essa banda. E eu acompanho o trabalho, acompanho o projeto. Eu acho que se tratando de qualidade musical tudo é bem-vindo.
E da cena musical no Brasil? Você comentou do Rosas de Saron, tem alguma outra banda que você goste de acompanhar, que te chame atenção?
Daniel – Como referência pra mim eu tenho, por exemplo, o Roupa Nova, que é uma banda formidável e um pouco mais da minha época, na verdade. Adoro Skank, Jota Quest, inclusive o próprio Rogério Flausino está no The Voice com a gente. Adoro a Ivete Sangalo, acho que ela tem uma sonoridade incrível. Capital Inicial, adoro o som dos caras… Esses dias eu encontrei com os Titãs, acho maravilhoso, o trabalho que eles realizam, já são 31 anos de carreira. Enfim, acho que tem uma galera muito legal no país que traz uma qualidade musical absurda, e que tem um grande legado.
Voltando para o musical. Nele têm 30 músicas que são lembradas, em 30 anos de carreira. Você tinha muito material. Como foi escolher essas músicas, você deixou muita coisa de fora?
Daniel – Ah, acaba deixando. Não tem como, é inevitável. A gente foca em canções que são primordiais, que são talvez unanimidades dentro da carreira, mas muita coisa fica de fora. E tem toda essa questão de minutagem, no dvd, para a qualidade do próprio dvd. A gente resolveu inclusive fazer uma coisa diferente. A gravadora teve a ideia de trazer esse EP, com quatro canções: Tantinho, do Carlinhos Brown; essa música que é tema da novela das nove, Amor à vida que é Amar a Vida, do Gonzaguinha; Fale um Pouco de Você, que eu gravei em 1999 e dei uma repaginada, é uma canção do Rick; uma versão que eu tive a honra de gravar agora, com uma participação especial da Thalia. Através da gravadora, surgiu o convite de participar de um projeto junto com ela em português. Nós cantamos juntos Estou Apaixonado, numa versão super diferente, que está no EP também. Dentro do repertório estão exatamente as canções que foram primordiais. Muitas músicas ficaram pra trás, não tem como. Eu poderia fazer mais um repertório com a mesma quantidade de música, e que também despontaram.
Falando sobre o The Voice. Como é ter tanta gente nova e talentosa na sua frente, sabendo que você pode ajudá-las a realizar um sonho?
Daniel – É muito bom poder participar desse projeto, e ele também me trouxe um fortalecimento ainda maior dessa questão desse DVD. Quando eu me deparei com tal qualidade musical, tantas personalidades com tanto talento ali na minha frente, veio a certeza ainda maior que, poxa, eu tenho que fazer mesmo esse musical. Estar em cima do palco e cantando com outras personagens, com outras personalidades, aflorou ainda mais a minha vontade. É muito bom poder estar ali, poder de alguma forma estar somando na vida dessas pessoas e aprendendo muito com eles também, porque é uma troca. As influências às vezes são outras, as tendências são outras, e a gente acaba aprendendo e procurando saber um pouco melhor sobre aqueles artistas, as influências musicais de cada um. E o mais satisfatório é saber que o Brasil realmente tem essa qualidade musical absurda.
E como é a convivência entre os jurados?
Daniel – É muito legal. Eu estava lendo uma matéria agora há pouco dizendo que não havia harmonia nenhuma entre a gente ali nos bastidores. Não tem nada a ver. Desde o primeiro instante a gente foi muito bem recebido um pelo outro, existe um cuidado muito grande entre a gente, existe um carinho e acima de tudo muito respeito, tem uma harmonia muito grande nos bastidores. No momento dos ensaios, nos momentos de descontração, e é exatamente aquilo que a gente passa para as câmeras, é o que acontece ali, verdadeiramente no nosso cotidiano.