O Keane retorna ao Brasil nesta semana para shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, de hoje (10) a sexta-feira (13), com Fresno e Radiotape providenciando apresentações de abertura.

O trio fomenta, ao lado de grupos como Coldplay, Athlete e Travis, a tradição do piano como instrumento básico da geração 2000 do Britpop. Formado por Tim Rice-Oxley (compositor e pianista), Tom Chaplin (vocalista, responsável pelo falsete peculiar das canções da banda) e Richard Hughes (baterista), é culpado por hits como Somewhere Only We Know, Everybody’s Changing e Spiralling. O Keane vem ao País para divulgar Perfect Symmetry, seu terceiro álbum de inéditas, lançado em outubro do ano passado.

Sobre este trabalho, a predominância do piano no Britpop atual, o conceito de autoria frente às recentes notícias que associam Coldplay e The Killers a casos de plágio, Annie Lennox, festivais e outros assuntos, o Virgula Música trocou uma ideia com Rice-Oxley, com registro a seguir.

Piano é realmente o instrumento fundamental do Britpop desta década?
O piano de fato é um instrumento de destaque na composição de muitas bandas hoje. Já percebi que um monte de bandas americanas parecem estar se voltando para o piano em detrimento da guitarra, o que só pode ser uma boa coisa, já que acho que o Rock americano pode ser bastante conservador e desconfiado de qualquer coisa que não se atenha a paradigmas roqueiros clássicos. Mas realmente não nos vejo particularmente como “uma banda de piano”. Eu prefiro tocar sintetizadores ao invés de um piano, e de fato vamos recorrer a qualquer instrumento, não importa o tipo, se a intenção é buscar um som que é novo e diferente para nós e para a música em geral.

O Keane é famoso por extrair o máximo de apenas três instrumentos – além do piano, bateria e baixo – formato que consagrou em Hopes And Fears (2004). Como foi acrescentar a guitarra a estes instrumentos em Under The Iron Sea (2006) e Perfect Symmetry (2008)?
Começamos como uma banda em que a guitarra tinha um papel fundamental há muitos anos, razão pela qual não foi difícil trazer o instrumento de volta à nossa música. Simplesmente fez sentido para determinadas canções. Em Perfect Symmetry, também utilizamos um monte de instrumentos que nunca tínhamos experimentado saxofone, cordas, serrote, percussão africana etc., bem como harmonias de três partes, bateria eletrônica e sintetizadores analógicos. É sempre divertido aprender sobre novos instrumentos e formas de fazer música, já que esses experimentos inevitavelmente alterando o estilo da sua música.

Até que ponto encontrar uma “simetria perfeita” neste álbum exigiu tentar ser “assimétrico” – isto é, experimental, estranho, incomum?
Isso é muito verdade. Nada satisfaz mais que sentir que você criou algo único, algo que é belo e emocionante de ouvir, mas que ao mesmo tempo é algo diferente daquilo que já foi feito antes. No Keane, a gente se beneficia bastante ao descobrir coisas novas e fazer coisas que desafiam as nossas próprias expectativas em relação a nós mesmos, e as expectativas das outras pessoas em relação a nós.

Em Under The Iron Sea, vocês mostraram um lado bem mais obscuro que em Perfect Symmetry, que tem um resultado mais para cima. Com qual desses “temperamentos” musicais você se sente mais confortável e por quê?
No momento, me sinto mais animado pela música do Perfect Symmetry, porque é no geral mais dançante e colorida. Por isso, também é muito divertida e empolgante para tocar ao vivo. Nós estamos curtindo de verdade mostrar as canções novas nesta turnê.

Curiosamente, o título do álbum é de qualquer forma um pouco irônico. Nos assuntos de que falamos no disco, a perfeição é muito pouco, mas o espírito do álbum é de que pensamos que devemos correr atrás de algo mais parecido com a perfeição. Quando procuramos pela perfeição, sentimos que sempre falta algo, mas acreditamos que as pessoas são capazes de coisas belas e surpreendentes e que deveríamos gastar menos tempo tentando destruir uns aos outros ou obcecados em assuntos como celebridades e moda, dedicando mais tempo a tentar ser uma força positiva no mundo.

Você deve ter ouvido falar das notícias recentes que associaram Coldplay e The Killers a casos de plágio. Em tempos nos quais o conceito de autoria se torna mais e mais questionado e controverso, como você se posicionaria sobre casos como esses?
Eu adoraria escrever um livro sobre plágio! Compositores e músicos sempre foram inspirados por outras músicas (entre muitas outras coisas, claro), e é uma linha muito tênue, esta entre “ser inspirado por uma outra canção” e “roubar de” uma outra canção. Eu também acho que é muito fácil se plagiar acidentalmente, e sinto pena de compositores que ouviram e “copiaram” outra música famosa sem sequer perceberem!

Ouvi muitas canções ao longo dos últimos anos que senti que copiaram bem explicitamente ideias de músicas do Keane, mas consideramos isso como um grande elogio ao invés de ficarmos chateados. Penso que se uma banda tem ideias a partir de outras músicas e as transforma em algo que é muito diferente e novo – um bom exemplo é It’s a Sin, do Pet Shop Boys e Wild World, do Cat Stevens, então não tem realmente grandes problemas. Afinal, a música que estava sendo “copiada” não era tão original assim, para começo de conversa.

E mesmo se você pensar na banda mais inovadora e venerada de todos os tempos, Beatles, a música deles era com frequência um mosaico de ideias diferentes apanhadas de outras pessoas da música – Motown, The Beach Boys, Debussy etc. – e transformado em algo inegavelmente autoral. Paul McCartney uma vez descreveu os Beatles como “os maiores ladrões da cidade”.

O Tom Chaplin colaborou uma vez com um álbum da Annie Lennox, do Eurythmics, que é 25 anos mais velha que ele. De que ele se lembra da primeira vez que ouviu a música dela?
Ele diz que se lembra de ouvir Walking On Broken Glass na Southern FM (emissora de de rádio que temos na cidade de Sussex) quando ele era criança, e de ver sua imagem marcante em revistas.

O Keane já está confirmado para o V Festival, que rola em agosto na Inglaterra. Vocês tinham hábito de frequentar festivais antes de formar a banda?
Eu nunca tinha ido a festivais antes de tocarmos no Glastonbury em 2004. Crescemos em uma cidade onde estar em uma banda não era algo muito comum, e não havia festivais por perto. Mas temos adorado tocar em festivais ao redor do mundo e ter a oportunidade de ver tantas outras grandes bandas é sempre um prazer. Eu vou ao Glastonbury deste ano como fã e tenho certeza de que será uma experiência incrível.

KEANE NO BRASIL

São Paulo

Quando: 10/03/2009
Onde: Credicard Hall
Quanto: R$ 90 (platéia superior 3), R$ 100 (platéia superior 2), R$ 120 (platéia superior 1), R$ 160 (pista), R$ 180 (poltrona setor 2), R$ 200 (poltrona setor 1), R$ 300 (camarote setor 2) e R$ 320 (camarote setor 1)
Ingressos: www.ticketmaster.com.br

Belo Horizonte

Quando: 12/03
Onde: Chevrolet Hall
Quanto: 1º lote – R$ 160 (inteira) / R$ 80 (meia-entrada). 2º lote – R$ 180 (inteira) / R$ 90 (meia-entrada). 3º lote – R$ 200 (inteira) / R$ 100 (meia-entrada)
Ingressos: Bilheterias do Chevrolet Hall.

Rio de Janeiro
Quando: 13/03
Onde: Citibank Hall
Quanto: R$ 150 (pista), R$ 200 (poltrona) e R$ 250 (camarote)
Ingressos: www.ticketmaster.com.br


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Ícone do Britpop dos 2000, Keane volta mais "dançante e colorido" ao Brasil