Antigamente, principalmente na Europa, se alguém quisesse se informar um pouco mais sobre um país, deveria conhecer a sua literatura antes de tudo. Já Che Guevara dizia que uma nação sem estudo é fácil de ser enganada. Por essas e outras, já dá para ter ideia de quanto os livros são importantes para as pessoas.

Não seria diferente com os deficientes visuais, que por causa da cegueira ou baixa visão, por muitos anos ficaram excluídos do acesso à informação. Entretanto, hoje em dia, com o avanço tecnológico, as pessoas com deficiência visual podem ter acesso ao mundo.

No Brasil, a Fundação Dorina Norwill foi uma das pioneiras na criação de obras em Braille e já produz livros falados há mais de 30 anos. A instituição disponibiliza através da Biblioteca Circulante do Livro Falado e Digital mais de 1.000 títulos disponíveis para empréstimo nos formatos MP3 e digital.

Uma das curiosidades, é que a fundação também aceita voluntários para lerem as obras. “Temos bastante candidatos e fazemos a seleção através de um teste de voz”, diz Suzy Maluf, a responsável pela biblioteca Dorina Norwill. “Depois o voluntário leva a obra para casa, instala um software em seu computador e lê em voz alta”, explica Suzy sobre o processo que demora em torno de um mês.

Todas as obras da fundação estão disponíveis gratuitamente. Segundo a coordenadora da área, ultimamente muitas pessoas estão procurando os audiobooks da fundação para ouvir no carro ou em casa. Entretanto, ela explica: “como é reprodução de uma obra, teríamos que pagar pelos direitos autorais. Mas pela lei 9.610, não pagamos pela reprodução, pois essa é voltada para deficientes e não visa fins lucrativos”.

Os livros editados pela entidade são distribuídos gratuitamente para deficientes visuais e mais de 1300 organizações, como escolas, universidades e associações do país.

BRAILLE OU AUDIO

Os interessados pelas obras podem escolher o formato que desejarem, mas algumas obras não podem ser feitas em áudio, como um atlas ou algum livro que tenha muita ilustração. “Às vezes, tecnicamente o livro que o deficiente deseja não pode sair em determinado formato” conta Suzy.

“Normalmente, os livros de literatura, best sellers e de entretenimento são preferíveis em audiobooks. Esses podem ser reproduzidos de forma mais rápida e logo disponibilizado para os deficientes”, diz.


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Livros falados servem de ferramenta para inclusão de deficientes visuais