Bob Dylan
Bob Dylan repassa a história dos Estados Unidos durante sua infância e “ressuscita” sua paixão pelo ferro com uma exposição de esculturas em Londres, que combina com evocativos quadros e portas de automóvel.
Com o sugestivo nome Mood Swings (mudanças de humor), a mostra, que abrirá ao público nesta sexta (15) na galeria Halcyon, reflete a fascinação do esquivo cantor de 72 anos pela soldadura e pelo metal.
O também escritor, escultor, diretor de cinema e pintor expõe na Halcyon pela primeira vez grandes esculturas talhadas em ferro, um material que, em suas próprias palavras, lhe “rodeou” durante toda sua vida e do qual se impregnou em sua infância.
“É quase como se aqui tivesse retornado a suas raízes. Nasceu em Minnesota, em uma das maiores jazidas de minério de ferro do mundo, e ele dizia que isso é algo que podia ser saboreado, podia ser cheirado, que era como se não pudesse tirar de seu sistema”, disse Paul Green, responsável da Halcyon.
O veterano músico utilizou pedaços de ferro-velho e velhas ferramentas para dar forma a esses enormes esculturas de ferro, que poderão ser vistas na capital britânica até o dia 25 de janeiro.
Estes materiais industriais representam, com frequência, um “estado mental diferente” do artista, que intercala em suas esculturas de ferro alguma referência a sua faceta musical, pois se pode ver um violão ou uma clave de sol incrustadas em estruturas metálicas.
Dylan, que começou sua carreira no início dos anos 60, recorre a objetos do processo industrial, como rodas, cadeias ou martelos e os “ressuscita, com cuidado, de uma maneira efetiva” até transformá-los “em objetos belos e surpreendentes, em objetos que as pessoas podem utilizar, como as portas que podem abrir e fechar”.
A exposição, a mais ampla realizada até o momento de obras do fugidio cantor, dedica uma sala a apresentar uma série de coloridas pinturas do artista americano junto com o maior óleo que Dylan desenhou em sua carreira de mais de meio século, na qual vendeu mais de 110 milhões de álbuns.
A mostra exibe em outra das salas, com as paredes pintadas de vermelho, capas de emblemáticas revistas americanas, como Time e Playboy.
Ali estão também expostas suas chamadas “portas de gângster”, portas de automóveis cosidas a tiros, junto com fragmentos de jornais com histórias sobre criminosos famosos, também “parte da história revisionista de Dylan”.
O próprio artista explicou sua atração pelas portas, que lhe resultam magnéticas, porque “podem fechar-se mas, ao mesmo tempo, permitem entrar nelas e fluir através delas as estações”.
O visitante pode, além disso, contemplar várias pinturas e gravuras que representam 327 viagens que o músico realizou a diferentes cidades e anos, em uma exposição que soma cerca de 50 obras.