A produção e o uso de de drogas sintéticas cresceram nos últimos anos nos países em desenvolvimento. A fabricação artesanal se transformou em negócio de grande amplitude. A conclusão é do Relatório Mundial sobre Drogas 2009, lançado hoje (24) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). A pesquisa indica que o mercado global de cocaína, ópio, morfina, heroína e maconha está estável ou em declínio. A maconha segue como a droga mais cultivada e consumida em todo o mundo.
As apreensões de ecstasy dispararam no Brasil em 2007, quando foram interceptados pelas autoridades mais de 211.000l unidades. Em 2006, apenas 11.648 unidades tinham sido apreendidas. O salto de quase 2.000% nos números fez o Brasil entrar na lista dos 22 países com maiores apreensões de substâncias do grupo ecstasy.
Em 2008, a Polícia Federal (PF) brasileira desmantelou o primeiro laboratório clandestino de ecstasy do país, no Paraná. A maior parte dos comprimidos consumidos no Brasil, porém, é originada da Europa. Países da União Europeia são apontados no relatório como principais fornecedores de ecstasy e o Canadá como principal eixo de tráfico no continente americano.
Em fevereiro de 2009, a PF prendeu 55 pessoas no Brasil integrantes de uma quadrilha internacional de drogas. Jovens de classe média levavam cocaína da América do Sul para a Europa e aproveitavam para, na volta, trazer ecstasy a ser vendido no Brasil. Na América Latina, o relatório menciona um crescimento de consumo de ecstasy principalmente entre os jovens das áreas urbanas.
ANFETAMINAS NO ORIENTE MÉDIO
O documento ressalta que, no Sudeste Asiático, laboratórios de porte industrial passaram a produzir em massa comprimidos de metanfetaminas, crystal meth (ice) e de susbstâncias como a quetamina.
O uso de anfetamina aumentou significativamente no Oriente Médio. Somente a Arábia Saudita apreendeu em 2007 um terço de todas as substâncias desse grupo no mundo, superando a soma entre as apreensões chinesas e americanas.
O Brasil apresentou no mesmo ano o terceiro maior índice estimado de uso de estimulantes do tipo anfetamina no mundo. Entre 2001 e 2005, o uso dessas substâncias na população geral das áreas urbanas do país mais que dobrou, passando de 1,5% para 3,2%. Substâncias como anfepramona e fenoproporex estão presentes em remédios para emagrecer, usadas como inibidores de apetite.
COCAÍNA NA AMÉRICA DO SUL
Apesar de constatar que o consumo de drogas está estável ou em declínio na maior parte do mundo, o Relatório Mundial sobre Drogas 2009, divulgado hoje (24) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), ressalta que, em 2007, foram observados aumentos no uso de cocaína no Brasil, Equador, Uruguai, na Argentina e Venezuela, assim como em países da América Central (Guatemala e Honduras) e no Caribe (Jamaica e Haiti).
A América do Sul é responsável por 323 toneladas (45%) do total mundial de apreensões de cocaína. O Brasil é o décimo país do mundo no ranking de apreensões. Foram apreendidas 16 toneladas da droga no país em 2007, contra 14 toneladas em 2006.
O Brasil também é o maior mercado de cocaína da América do Sul em números absolutos, estimado em aproximadamente em 890 mil pessoas ou 0,7% da população entre 12 e 65 anos, um aumento de 0,4% em relação aos dados de 2001. A Argentina é o segundo, estimado em 660 mil pessoas.