Marilyn Manson – The High End of Low
Quem ainda lembra de Marilyn Manson como o homem enlouquecido, dark, que se apresentava com microfones em formato de facão e gritava palavrões repetidamente pedindo a morte da humanidade, pode começar a se preparar para temas mais calmos em The High End of Low, seu álbum mais recente.
O rockstar atormentado de Antichrist Superstar, seu segundo CD de estúdio, ainda está presente em letras furiosas como Arma-Godd**n-Mother**king-Geddon e Pretty As A ($), mas o que predomina no novo álbum de Manson, assim como no anterior Eat Me, Drink Me, são músicas pautadas por um tom mais reflexivo. Os temas continuam os mesmos – solidão, depressão, desilusão em relação à humanidade, morte e amor como extremos irreconciliáveis -, mas o som heavy/industrial característico de Manson agora prefere fazer sua tradicional crítica à hipocrisia social por meio de faixas menos agressivas e ponderadas.
Quem gosta do tom teatral de Marilyn Manson pode ir sem medo em The High End of Low. Mas é bom lembrar que os tempos de loucura desenfreada e baldes de sangue no palco terminaram. (Stefanie Gaspar)
Cachorro Grande – Cinema
Eis que o Cachorro Grande resolveu deixar o estilo rock-garagem-The-Who e fazer um disco mais viajante. Cinema, quinto disco dos gaúchos, tem como inspirações Pink Floyd, Stone Roses, Kasabian, Beach Boys e vários outros grupos com um pé na psicodelia.
Tais influências estão latentes logo na primeira música, O Tempo Parou, que lembra muito os (ótimos) brasileiros do Secos e Molhados. Nessa faixa, também fica bem nítido um dos grandes problemas do disco: Beto Bruno, vocalista da banda, cria linhas repetitivas demais e/ou força a voz até atingir timbres bem chatos – e, em alguns momentos, as letras não encaixam bem com a divisão melódica, o que soa estranho.
A Alegria Voltou e Diga o que Você Quer Escutar são músicas bem boas, mas não passam de exceções em um disco que, no geral, caminha sem brilho por suas 12 faixas. Há espaço ainda para constrangimentos, como o horrível disco-punk Dance Agora e Por Onde Vou, que praticamente copia Oasis. É muito pouco para um grupo considerado a exceção rocker da atual cena mainstream brasileira, formada por bandas inspiradas sobretudo no emo estilo trilha de Malhação. (Denis Moreira)
Papa Roach – Metamorphosis
Pelo menos na intenção, como fazem supor a capa e o nome de seu novo CD, Metamorphosis, o Papa Roach abandonou o new metal dos trabalhos anteriores em busca de uma sonoridade, mais roqueira. E a ilusão permanece na segunda faixa – a primeira, Days of War, é uma vinheta -, a ótima e pesada Change or Die (olha o nome da música!), que parece uma mistura de Foo Fighters, Motley Crue e heavy metal.
Infelizmente, a boa impressão inicial cai por terra nas músicas seguintes, em que o grupo continua fazendo o som metal alternativo de sempre – e mais umas pitadinhas de emocore, especialmente nas letras e em certas dinâmicas nos arranjos. Temas como Hollywood Whore e State of Emergency, por exemplo, são tão previsíveis quanto sem-graça.
Há algumas exceções, como as meio-baladas Had Enough e March out of Darkness, que têm boas melodias, mas a sensação geral é que o Papa Roach deve mudar muito mais para sair da vala comum. Dica: façam um disco inteiro com músicas no estilo de Change or Die! (Denis Moreira)