Londres, 28 jun (EFE).- Grace Rwaramba, que trabalhou 17 anos para Michael Jackson e foi babá de seus três filhos, revela hoje em entrevista a dependência do cantor aos remédios e seu contato crescente com a seita islâmica heterodoxa Nação do Islã.
Em declarações recolhidas por “The Sunday Times”, Grace, de origem ruandesa, explica que frequentemente teve que “bombear” o estômago do artista após ele ter consumido um coquetel de remédios.
A assistente de 42 anos retornou no sábado de Londres aos Estados Unidos, onde espera se reunir com os três filhos de Michael e deve ser interrogada pelas autoridades como testemunha em relação à morte do “rei do pop” na quinta-feira passada.
A babá faz uma triste descrição do cantor em seus últimos meses, nos quais aparentemente levou uma vida nômade, de hotel em hotel, sem ser consciente exatamente de sua situação financeira e ingerindo compostos químicos.
“Tive que bombear seu estômago muitas vezes. Sempre misturava tanto”, declarou Grace.
“Houve um período em que estava tão mal que não deixei que as crianças o vissem… Sempre comia pouco e misturava demais”, acrescenta.
A babá, que começou a trabalhar para o artista como secretária, explica que uma vez ligou para a mãe e uma das irmãs do cantor, Katherine e Janet, para que lhe persuadissem que deixasse a toxicomania.
Mas, segundo o jornal, Michael considerou isso uma traição e a demitiu, o que aparentemente fez em várias ocasiões, a última em dezembro, embora a ruandesa tenha continuado fazendo visitas às crianças, Prince Michael Jr., de 12 anos; Paris, de 11, e Prince Michael II (apelidado de Blanket), de 7.
Quando foi vê-los em abril passado, ela mesma teve que comprar de seu dinheiro balões de “Feliz Aniversário” para Paris, diz o jornal.
Em outra ocasião, Michael a enviou a Florença (Itália) com um milhão de dólares para comprar antiguidades, mas, como não tinham domicílio fixo, tiveram que guardá-las em um armazém.
Sobre seus 50 shows previstos para Londres, Grace assinala que o cantor não era consciente dos compromissos que adquiria.
“Cinquenta shows!, disse para ele: ‘Mas o que você está fazendo?’, e ele me respondeu: ‘Só assinei por dez’. Não sabia o que estava assinando. Nunca o soube”, relata a assistente.
Grace comenta que Michael estava cada vez mais sob a influência do grupo religioso-político com sede em Chicago Nação do Islã, uma cisão do islã tradicional dirigida à população negra que tem crenças controvertidas, como que esta raça é superior.
Segundo a babá, a seita fez Michael acreditar que o aluguel de sua mansão em Los Angeles custava US$ 100 mil por mês, mas ela está convencida de que o preço estava sobrevalorizado e era até quatro vezes superior ao de outras residências similares na região.
De acordo com a informação publicada pelo jornal, o grupo lhe proporcionava guarda-costas e supostamente tinha intimidado a casas de leilões que tinham tentado vender seus objetos.
“Michael não tinha nem ideia sobre dinheiro. Aceitou uma proposta para fazer uma aparição no Japão por US$ 1 milhão. Depois que todo mundo tirou sua parte, ficou com US$ 200 mil”, disse a babá. EFE