Milhões de brasileiros tem falado, escrito, twittado e gritado a frase “Fora Sarney” nos últimos tempos. Mesmo que muitos não saibam direito quem gostariam de colocar no lugar do velho coronel de bigode-escovão, a campanha anti-Sarney pegou forte.
Motivos para a saída do mal-falado maranhense não faltam. Por exemplo, ele autorizou atos secretos, empregou parentes de várias graduações e tem um museu em homenagem a si próprio no Maranhão construído com dinheiro público. Mas existe um outro motivo, pouco divulgado, mas bem forte, para que Sarney dê o fora.
Ele pode virar presidente do Brasil de novo.
Não é piada, pode acontecer. Como?
Através da chamada linha sucessória presidencial. É assim: se o presidente tem que sair do cargo, temporaria ou permanentemente, o vice entra no seu lugar. E se o vice não pode assumir ou tem que deixar o cargo, o próximo na linha de sucessão é o presidente da Câmara dos Deputados. Se este, por sua vez, não tem condições de ocupar a cadeira, quem sobe é o presidente do Senado.
Alguns analistas políticas têm especulado sobre como isso é uma possibilidade real para o Brasil em 2010.
A situação que permitira isso seria assim: Lula se ausentaria do cargo por alguma viagem ou para se engajar na campanha de Dilma Roussef. O vice-presidente José Alencar não poderia assumir por seus conhecidos problemas de saúde. O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, aceitaria ser vice na chapa de Dilma, algo que tem sido bastante especulado. Para concorrer, ele teria que se licenciar do cargo.
Enfim, se tudo isso acontecer, quem sobra é ele mesmo, José Sarney. De volta à Presidência da República.
Tudo bem que provavelmente Sarney teria pouco tempo e nenhuma disposição de se lançar a grandes realizações e atos. Mas, simbolicamente, teria o sabor de uma enorme derrota para milhões de brasileiros. E seria a mais perversa das ironias.
