A reunião de ministros da Agência Internacional de Energia (AIE) serviu nesta quarta-feira para pressionar os Estados Unidos a se envolverem no acordo sobre a mudança climática, questão que Washington quer que seja abordada a partir da inovação tecnológica.

Maria van der Hoeven, ministra dinamarquesa de Assuntos Econômicos, que preside a reunião que se estende até amanhã, e cujo país abrigará a fase final das negociações sobre o clima em dezembro, mandou uma mensagem ao Governo de Barack Obama. “Se os Estados Unidos não se envolverem nos acordos de Copenhague, teremos um problema”, disse.

Segundo ela, sem o envolvimento dos americanos os países emergentes poderiam ficar tentados a recuar nas restrições de emissões de dióxido de carbono anunciadas, principal causa do aquecimento da Terra.

A preocupação se deve ao fato de que pela primeira vez um encontro ministerial da AIE – que reúne os grandes Estados consumidores de energia do mundo desenvolvido – conta com a participação de três países emergentes com um peso crescente no universo energético: China, Rússia e Índia.

Na mesma linha que tem manifestado nos últimos meses, o secretário de Estado de Energia dos Estados Unidos, Steven Chu, expressou confiança na inovação para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e evitou envolver-se em definições sobre os percentuais de redução das emissões poluentes.

“Com as novas tecnologias podemos continuar criando riquezas”, ressaltou Chu, acrescentando que em um período de crise como o atual a inovação criaria empregos.

Diante do fato dos Estados Unidos não terem dado passos concretos para controlar o aquecimento do planeta, como fizeram a União Europeia (UE) e a China, o secretário de Estado destacou os planos de seu país para o desenvolvimento de energias renováveis, a captura e o armazenamento subterrâneo de CO2 e a eficiência energética.

O diretor-executivo da AIE, Nobuo Tanaka, afirmou que agora está mais otimista com relação ao êxito das negociações sobre o clima e ressaltou que “a crise econômica abriu uma janela de oportunidades para o controle das emissões poluentes”.

“As metas para 2020 são muito mais fáceis de alcançar”, assinalou Tanaka, em alusão às previsões de sua organização que prevê para este ano reduzir as emissões mundiais de carbono em 3%, puxada pela queda na atividade e o início das políticas energéticas. Entretanto, o diretor-executivo destacou a necessidade de repercutir nos preços dos combustíveis fósseis as emissões de CO2.

O economista-chefe, Fatih Birol, estima um custo de US$ 50 por tonelada em 2020, para que o aquecimento da Terra permaneça nos limites controláveis. Birol insistiu na ideia de que “a era do petróleo barato acabou e a crise (durante o período em que o petróleo caiu muito de preço) foi uma exceção”.

Ao mesmo tempo, advertiu para o risco da falta de investimentos na prospecção e exploração de jazidas petrolíferas (em 2008 houve uma queda mundial de 20%), o que poderia gerar uma escalada de preços, pondo em perigo a saída da crise.

O economista-chefe ressaltou, contudo, que “as empresas necessitam de sinais claros de Copenhague sobre as regras do jogo para continuar fazendo investimentos”.

Para o ministro espanhol de Indústria, Miguel Sebastián, as energias renováveis não só tornam o sistema energético mais sustentável, mas representam uma contribuição à paz internacional, ao contrário da corrida pelo controle dos combustíveis fósseis.


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Acordo climático global sem efetiva participação dos Estados Unidos é muito difícil