Existe uma unanimidade entre os gamers: a de se evitar jogos que sejam licenciados de filmes ou quadrinhos. Quase sempre, jogos baseados nessas obras são feitos na pressa, sem o devido esmero, com o único objetivo de pegar carona num sucesso e faturar ainda mais. De vez em nunca surge uma exceção à tal “regra”. A de 2009 atende pelo nome de Batman: Arkham Asylum (Xbox 360, PS3 e PC).
Um ano depois de ganhar aquela que, para muitos, é a melhor adaptação do Homem Morcego para os cinemas, chega aos videogames aquele, que segundo os críticos, trata-se do melhor jogo do personagem nos videogames. Mais: do melhor jogo já feito sobre um super-herói. Exagero? Nem um pouco.
Para trazer o mundo do Cavaleiro das Trevas aos consoles (e PC), o RockSteady Studios, em parceria com a Eidos Interactive e a Warner Bros, chamou ninguém menos que Paul Dini para escrever a história. O premiado roteirista é o produtor de várias séries animadas da DC Comics para a TV, além de ter conduzido as HQs do Batman pintadas por Alex Ross. A dupla se reuniu especialmente para o jogo e o resultado final é praticamente uma graphic novel em forma de game, cujo visual espetacular e sombrio casa perfeitamente com uma trama primorosa.
Arkham Asylum começa com a prisão de Coringa. Ele é encaminhado para o Hospício de Arkham, uma ilha onde os criminosos mais insanos de Gothan City são levados. Batman suspeita do Príncipe Palhaço do Crime, que se deixou capturar muito facilmente. Ele não está errado: o objetivo do Joker é sequestrar o manicômio e usá-lo como start para a destruição da cidade. Junto de sua namorada – e comparsa – Arlequina, ele prende o Homem Morcego lá dentro. Esse, além de enfrentar capangas bombados e assustadores (frutos de experiências científicas, com certeza), ficará frente a frente com vários de seus inimigos clássicos, como Hera Venenosa, Espantalho e Crocodilo.
YES ESPIONAGEM, NO PORRADARIA
A história é uma delícia, de diálogos inspirados e roteiro que vai se abrindo conforme a evolução do jogo, que tem mais de 15 horas ao todo. O melhor exemplo é logo a cena de abertura, com a captura do Coringa, em que os créditos vão se espalhando pela tela tal qual um filme. Vale destacar também que Arkham Asylum foge da premissa de porradaria pura. Basta apertar um ou dois botões para sair na mão com os bandidos e soltar voadoras e golpes à Matrix. O filé mesmo são os momentos de espionagem com exploração, quase uma mistura de Bioshock com Metal Gear Solid.
É viciante usar o Detective Mode, uma ferramenta parecida com a visão sonar do filme Cavaleiro das Trevas. Ela serve para identificar inimigos através das paredes, conferir se estão armados e até mesmo os seus batimentos cardíacos. Ela também possibilita detectar pistas que fariam inveja aos profissionais forenses do CSI, como trilhas de álcool no ar e rastros de cinzas de charuto pelo chão. Para quem gosta de todas as funções do bat-cinto de utilidades, o game é uma desforra. Há desde o clássico arpão, que serve para o Batman se dependurar em paredes e gárgulas, até um gel explosivo que explode paredes fragilizadas.
Para avançar no jogo, além de seguir tarefas cruciais, como resgatar o Comissário Gordon, é preciso encontrar 240 desafios lançados pelo Charada em formas de fitas de áudio e outros ícones que ajudam a entender melhor o manicômio e seus pacientes. Para achá-los é preciso explorar o gigantesco cenário do jogo. Além disso, o game tem vários extras, como lutas um contra um, ótima pedida para quem deseja testar os músculos do Cavaleiro das Trevas. Já quem possuir um PS3 poderá baixar no PlayStation Network, a rede online da Sony, fases especiais a serem jogadas com o Coringa.
Batman: Arkham Asylum é uma excelente dica para qualquer tipo de público, seja aquele que só conhece o Homem Morcego das telonas ou quem devora os seus quadrinhos há décadas. O game é, com toda a certeza, um presentaço para este personagem, que em 2009 completa 70 anos.