Ao menos no mundo do rock, pode ter certeza: o álbum mais comentado do ano foi a estreia do badalado supergrupo Them Crooked Vultures, que já estava em todas as rodas de conversa antes mesmo de chegar às lojas ou de divulgar uma única música completa.
Formado por Dave Grohl (ex-Nirvana e atual Foo Figthers), Josh Homme (Queens of The Stone Age) e John Paul Jones (Led Zeppelin), o Them Crooked Vultures começou como uma lenda, um boato vago que apontava para a reunião do supergrupo em um futuro próximo. Bom, se ninguém levava a sério, 2009 foi o ano decisivo para que a banda saísse do papel (ou seja, da cabeça nada ortodoxa de Dave Grohl) para chegar aos palcos.
A partir de shows esparsos, como as apresentações nos festivais de Lolapalooza e Lowlands, o Them Crooked Vultures mostrou sua cara ao mundo e começou a despertar, em uma genial jogada de marketing, o interesse do público afinal, quem não gostaria de ver grandes ícones do rock n roll mostrando qual seria o resultado da união de seus talentos?
A expectativa era tanta que, pelo jeito, nem a banda agüentou: antes mesmo da data de lançamento, o grupo vazou todas as músicas em streaming no Youtube. O veredicto? Um dos melhores álbuns do ano, e provavelmente um dos mais incríveis da década. Mesmo com toda a expectativa, o Them Crooked Vultures não decepcionou e fez um álbum pesado, diversificado e digno do talento de seus três integrantes.
O álbum, homônimo, já começa com uma pedrada, No One Loves Me & Neither Do, faixa que traz o trecho matador que o grupo usou em seu primeiro teaser. Com Dave Grohl de volta à bateria, Josh Homme na guitarra e nos vocais e John Paul Jones no baixo, a primeira música já mostra qual a sonoridade adotada pelo Them Crooked Vultures: um ritmo que mescla o melhor do Queens Of The Stone Age com o repertório mais afiado do Led Zeppelin, passando pelo Foo Figthers e resgatando algumas influências do Nirvana, criando um rock n roll que, embora pudesse ser mais pesado, reúne com perfeição o que há de mais afiado em cada um dos músicos da banda.
A maioria dos supergrupos costuma depecionar. Não é o caso do Them Crooked Vultures, que conseguiu criar faixas já históricas, como No One Loves Me & Neither Do I, New Fang, Bandoliers, Caligulove e Gunman. É óbvio que o álbum traz um pouco da fanfarronice e da megalomania que se espera de um grupo que é a união de nomes que simbolizam a história do rock, mas a banda compensa os exageros com músicas incrivelmente competentes e que vão ficar na cabeça por muito tempo.
O Them Crooked Vultures não é um fantasma da sonoridade do Queen of The Stone Ages, não é uma cópia do trabalho de Dave Ghrol nem com o Nirvana nem com o Foo Fighters e não traz um John Paul Jones reproduzindo seu trabalho no Led Zeppelin. É algo original que, embora não consiga fugir da influência mestra do Led Zeppelin (afinal, tanto Grohl quanto Homme são fãs incondicionais e declarados do músico), vai além dos elementos consolidados pela banda e cria um novo paradigma para qualquer outro supergrupo que venha por aí. Vai ser difícil ter coragem de montar uma banda de rock depois desse álbum de estreia do Them Crooked Vultures.