O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou nesta quarta-feira, em Copenhague, que os processos que ele considera injustos da cúpula da ONU sobre mudança climática (COP15), que provocaram as críticas dos países em desenvolvimento, são um “reflexo da ditadura imperialista mundial”.
Chávez discursou na primeira sessão da reunião de alto nível, que reunirá nos dois próximos dias 119 chefes de Estado e de Governo na cúpula em Copenhague.
O presidente venezuelano acusou os países ricos de irresponsabilidade e falta de vontade política para alcançar um acordo, e criticou que o “destrutivo modelo capitalista está erradicando a vida”.
Chávez expressou assim o descontentamento de países como a Venezuela, Bolívia, China, Brasil e África do Sul pelo fato de a Presidência dinamarquesa da cúpula querer apresentar um novo texto que inclua as conclusões dos dois grupos de trabalho da conferência.
Ele sustentou ainda que os países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) não assinarão nenhum texto que “saia do nada” e que não corresponda aos textos das negociações.
O governante criticou que os processos de consultas de Copenhague foram antidemocráticos e exclusivos, de acordo com a “ditadura imperialista regente no mundo”.
Chávez insistiu pôr um fim ao “corrupto sistema internacional” e deu prazos aos países “imperialistas” que “deixem de dominar e de explodir o mundo”. Expressou sua solidariedade com os ativistas das ONG que ficaram fora do Bella Center, sede da conferência ,e repetiu um de seus lemas: “não mudeis o clima, mudai o sistema”.
Defendeu que só com o socialismo é possível salvar o planeta e obter justiça, e afirmou que o capitalismo é o caminho para o inferno e à destruição do mundo.
O presidente venezuelano declarou que não ficará “de braços cruzados” enquanto o capitalismo acaba com o planeta e estimulou o combate a esse modelo econômico.
Chávez denunciou que “os países ricos estão destruindo o planeta” e afirmou que “se o clima fosse um banco” os Governos industrializados “já o teriam salvado”.
O presidente venezuelano destacou que 7% dos cidadãos do mundo geram a metade das emissões poluentes e sustentou que “não se pode pôr no mesmo nível” a China e os EUA, apesar de seus níveis de emissões serem similares, dado que o primeiro país tem uma população cinco vezes superior ao do segundo.
Além disso, exigiu dos países ricos um compromisso vinculativo para reduzir suas emissões de efeito estufa e que destinem financiamento aos países em vias de desenvolvimento para “enfrentarem os efeitos destrutivos da mudança climática”.
Assinalou que o processo negociador deve continuar “sem mentiras, nem enganos” e sem “uma agenda secreta” elaborada pelos países poderosos, “que acreditam que sabem mais que os do sul, que os do Terceiro Mundo”.
Por último, estimulou às delegações de 192 países reunidas em Copenhague, que busquem fechar um novo acordo internacional de redução de emissões poluentes, que não transformem a reunião dinamarquesa no “túmulo da Humanidade”, mas façam dela um “paraíso de paz para a raça humana”.