Bastardos Inglórios não vai ganhar o Oscar. Não o de melhor filme ou diretor. Mas isso não significa que não mereça. Seu grande problema, aliás, dois, são de origem externa e atendem pelos nomes de Guerra ao Terror e Avatar. Bad timing, Tarantino.
Há anos o cineasta queria contar sua história da II Guerra Mundial. E como sua entenda-se algo que existia na cabeça dele. E só. Mesmo os personagens reais, como Hitler, Goebbels e Churchill são apenas isso: personagens. Todos a serviço da história que ele quer contar, em seu roteiro, literalmente, original.
E a impressão que dá é que todos esses anos de espera foram também de treinamento. Tarantino usou seus vários filmes para chegar aonde chegou em Bastardos Inglórios.
Fiel ao seu estilo, ele conduz duas histórias paralelas. Mas, ainda que as peças centrais de cada uma não se relacionem, a motivação é a mesma, nada difícil de adivinhar sendo um filme de quem é.
Seja o grupo de soldados americanos que coleciona escalpos ou a moça que escapou do massacre de sua família, todos são judeus e todos querem a mesma coisa: vingança. E isso só pode ser alcançado com o extermínio do maior número possível de nazistas.
Cada um tem seu plano, desconhecendo completamente a existência do outro. Mas, ainda assim, eles podem se encaixar em um desfecho grandioso.
Mas se o roteiro é criativo e bem escrito e a direção, impecável, há que se ressaltar ainda um terceiro grande mérito do diretor, as escolhas feitas para o elenco.
E é aí que entra Christoph Waltz, o elo entre a equipe comandada pelo tenente Aldo Reine (Brad Pitt) e a mocinha Shoshanna (Mélanie Laurent). Em uma interpretação extraordinária, ele consegue transformar o Coronel Hans Landa, o Caçador de Judeus, na personificação do nazismo: cruel, frio e arrogante, mas perigosamente gentil e carismático quando quer.
Praticamente desconhecido fora da Áustria antes do filme, o ator tem sido implacável também em todos os festivais e premiações por onde passa: não perdeu absolutamente nada até agora. Se as contas estiverem certas, Waltz já levou 26, incluindo o Bafta e o Globo de Ouro, se tornando o favorito também ao Oscar de ator coadjuvante. E, acredite, não há exagero ou injustiça alguma nisso.
Veja abaixo o trailer de Bastardos Inglórios.
