“Eu não tenho crença. Eu fui criado na Igreja Católica, fui educado em colégio de padre. Eu simplesmente perdi a fé. Mas não faço disso uma bandeira. Eu sou ateu como o meu tipo sanguíneo é esse”, declara Chico Buarque em uma rara entrevista concedida nesse ano, em Paris, para os repórteres Daniel Cariello e Thiago Araújo da revista Brazuca, editada na França.

Ele analiza o avanço das religiões nas mentalidades dos dias de hoje , e percebe que existe “uma intolerância inclusive com as religiões de origem africana, como a umbanda”. Diz que já foi em terreiro de candomblé por que “é curioso”.

Essa curiosidade o levou para a música e para a política nos anos 60. E hoje declara – sem pestanejar os belos olhos azuis – seu voto para presidência da República com todas as letras. “Eu confesso, vou votar na Dilma [Rousseff] porque é a candidata do Lula e eu gosto do Lula”. E pondera: “Mas, a Dilma ou o [José] Serra, não haveria muita diferença. Não vai fugir muito do que está sendo traçado aí”.

Perguntam então o que ele achou da mãe do Caetano Veloso, Dona Canô, ter dado uma bronca no filho porque chamou Lula de anafalbeto: “Nossas mães são muito mais lulistas que nós mesmos”.

Sobre literatura e música, diz que uma alimenta a outrra em sua obra, mas que as trata de maneira separada. “Essa história de MPB não fomos nós que inventamos. Acho até antipático esse nome. Eu nunca falei com um colega meu: ‘Escuta, vamos fazer uma MPB lá em casa?'”, comenta o compósitor sobre o sentido elitista da sigla.

Perguntado sobre a força da letra da canção Pedaço de Mim, ele revela que pula essa música quando não está bem.


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Chico Buarque declara voto para presidência e diz que não acredita em Deus