Apesar de ser a única seleção pentacampeã do planeta, o Brasil parece subestimado quando perguntas são feitas diretamente aos seus oponentes. Em recente entrevista, o técnico de Portugal, Carlos Queiroz, afirmou não se preocupar com a seleção brasileira (estaria pensando em quem?).
Na Espanha, a equipe de Dunga é a segunda opção, atrás da própria seleção quando os espanhóis apontam o principal candidato ao titulo. Mas afinal a Espanha é a grande favorita ou apenas mais uma candidata?
Ficamos sempre com a impressão de que vai arrasar no próximo Mundial: os jornais espanhóis vendem uma seleção e entregam outra.
Se analisarmos os retrospectos, a Espanha é presente: participa de Copas do Mundo há 32 anos seguidos. A melhor campanha faz tempo: foi em 1950, no Brasil, quando ficou na quarta posição.
Outro critério: os jogadores. Depois da FIFA começar a premiar os melhores do mundo, em 1991, apenas quatro espanhóis apareceram na relação dos votados. Raul (ficou em terceiro em 2001), Fernando Torres, também terceiro em 2008, Iniesta e Xavi desbancados por Messi em 2009. No mesmo período, 26 jogadores de Barcelona e Real Madrid foram votados e sete escolhidos.
A geração atual conta com jogadores de alto nível como Fernando Torres, Xavi e Iniesta que estão entre os melhores de suas posições. É mais homogênea que a de Butragueño, Michel e cia. e menos vaidosa que a de Hierro, Zubizarreta e Raul. A recente conquista da Eurocopa deu credibilidade. E aumentou a pressão.
Diferentemente de 2002 (quando foi prejudicada pelo apito) e 2006 (nona colocada), a Espanha parece estar no auge para a disputa. Casillas não atravessa sua melhor fase, mas é excelente goleiro. A defesa é entrosada e experiente com Sergio Ramos, Piquet, Puyol e Albiol ou Abreloa. O meio de campo, um dos melhores do mundo, com a base do Barcelona que alia marcação e ótimo passe e o ataque é goleador com Torres e Villa.
Vicente Del Bosque é um treinador que conhece o futebol espanhol, não divide estrelato com jogador e bom administrador de vaidades, que o digam os galácticos de Madrid que o adoravam (Roberto Carlos, Figo, Zidane, Ronaldo, Beckham).
O grande desafio é saber se a “Fúria” vai conseguir corresponder às expectativas, não sentir o peso de ser uma das mais badaladas e perder o medo de ser feliz.
Se bobear na primeira fase, o Brasil poderá cruzar o caminho dos espanhóis. Os brasileiros ganham no gol e na zaga, perdem no meio de campo e empatam no ataque.
Colaboração: Raphael Prates