A televisão brasileira comemora 60 anos neste sábado (18). Lolita Rodrigues, que cantou o Hino da Televisão na primeira transmissão, visitou os estúdios da Jovem Pan para falar sobre este grande momento.

“A câmera quebrou. Diz a lenda que Chateaubriand estourou o champanhe na câmera, mas não foi. Ninguém quebrou nada, ela quebrou sozinha. Tínhamos Cassiano Gabus Mendes que, imediatamente, nos orientou e começamos a fazer com uma câmera só. Eu estava tão entusiasmada. Eu fui com o meu vestido de formatura”, relembrou emocionada.

A dama da televisão contou sua trajetória profissional e revelou muitas histórias dos bastidores da TV, onde fez grandes e eternas amizades. “Tenho uma saudade imensa. É a nossa gente. Conhecemos os colegas e passamos a conviver juntos pela vida inteira”, ressaltou, lamentando a perda de grandes talentos, como Paulo Machado de Carvalho Filho, por exemplo, que faleceu nesta semana, em São Paulo. “Fiquei muito triste de ele ter morrido, ele era um querido”, completou.

Lolita Rodrigues também falou sobre os programas existentes e o que faz sucesso atualmente na televisão. Para ela, a exibição de corpos nus e “requebrantes” em busca da audiência desvaloriza as mulheres. “Não dá para entender como alguém pode ficar assistindo isso, elas ficam só rebolando, essas mulheres frutas. Isso é um demérito para nós mulheres”, ressaltou, completando que, se fosse ganhar um apelido do tipo, seria a “mulher jaca”.

A apresentadora Hebe Camargo, que também participou do programa em homenagem aos 60 anos da televisão brasileira, falou sobre a grande amiga. “Ela é engraçadíssima, sabe contar uma piada de forma espetacular. E tem uma memória invejável”, elogiou. Depois de muita insistência e também para provar que tem mesmo uma ótima memória, Lolita Rodrigues, segundo Hebe é a única que se lembra do Hino da Televisão, com letra de Guilherme de Almeida, apresentado naquele 18 de setembro de 1950.

Nilton Travesso também acompanhou os relatos da grande atriz. Eles até encenaram juntos um pedido de autógrafo, com Lolita ressaltando a diferença no atendimento ao fã de um artista no auge do sucesso no passado e nos dias de hoje. “Na realidade, trabalhar não cansa. Administrar o ego dos outros é que cansa. Quando eu vejo que alguém tá botando banca, eu não ligo não”, ressaltou, dando uma lição de classe e simpatia com aqueles que se transformam em pessoas famosas.

Os três grandes ícones revelaram quais foram, para eles, os momentos mais marcantes da televisão nesses 60 anos. Lolita descreveu a primeira vez que o homem chegou à Lua. “Eu estava sozinha em casa e já passava da meia-noite. De repente eu olho e vejo o Neil Armstrong pisando na Lua. Para mim, foi o marco maior da televisão. Chorei muito”, contou. Já Hebe Camargo destacou a entrevista que fez um mês depois com o próprio Neil Armstrong na TV Record. Para Nilton Travesso, a oportunidade de voltar à dramaturgia no SBT com a novela “Éramos Seis” foi inesquecível.

Super bem-humorada, Lolita Rodrigues também falou que nunca teve medo de morrer. “Fico triste porque eu não vou ver mais novela. É uma pena. Eu não quero rezar o dia inteiro. Quero ver novela”, reiterou, dizendo que quer que suas “asas” sejam vermelhas

Sobre o futuro da televisão, ela ressaltou que a tecnologia está muito avançada e que acredita que, daqui a pouco, “vão fazer televisão em um outro planeta, porque não tem mais o que inventar”. Nilton Travesso projetou, com humor, a cena de um grupo assistindo TV em 3D daqui a um tempo. “Todos vão sentar no sofá usando aqueles óculos bonitos. Aí tira os óculos para conversar e um enxerga o outro esquisito, aí coloca os óculos de novo”, se diverte. E volta ao passado, sentindo saudades do que já não volta mais. “Não tinha violência, não tinha coxa, não tinha b…. O humor não tinha palavrão, era uma dignidade”, concluiu.


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Lolita Rodrigues relembra os 60 anos da televisão