O ator americano Keanu Reeves não sente saudades de Neo, seu popular personagem em Matrix, a quem considera alguém que só queria desfrutar de uma vida normal. “Não sinto saudades do Neo. Na realidade ele me dá pena: a única coisa que queria era sair com Trinity, ter filhos e ir trabalhar”, brincou ao conceder entrevista a um reduzido grupo de jornalistas, embora tenha assinalado que o filme foi uma “grande experiência de vida”.
Reeves afirmou que gostaria de voltar a trabalhar com os irmãos Wachowski (os diretores da trilogia) e que em algumas ocasiões contemplaram essa possibilidade, mas os projetos não seguiram adiante.
O ator está participando do festival internacional de cinema de Marrakech, cuja abertura na sexta-feira (03) contou com a exibição de Henry’s Crime (ainda sem título em português), seu último longa-metragem. No filme, Reeves interpreta Henry, um cobrador de pedágios que é acusado de um roubo que não cometeu e passa três anos na cadeia. Lá ele compartilha a cela com Max (James Caan), com quem planeja roubar um banco quando deixarem a prisão, mas que muda de rumo quando conhece Julie (Vera Farmiga).
“É uma fábula”, explicou Reeves. “Acontece algo com meu personagem, ele não está acordado nem dormindo, deixou de ser útil no mundo. Decide ir para a prisão para escapar de sua vida, mas começam a acontecer coisas que influem nas outras pessoas e ele acaba ajudando-as. Essa evolução como personagem foi uma boa viagem para mim”.
Reeves deixará Marrakech neste domingo para viajar à China, onde deve começar em breve as gravações de seu próximo filme, 47 Ronin, baseado na história real de 47 samurais japoneses que no século XVIII se viram obrigados a se suicidar pelo rito tradicional do “seppuku”, por lealdade ao seu senhor feudal. “É uma história de vingança. É como um ‘western’, mas o diretor o chama de um ‘eastern’ (em referência a ser filmado no leste)”, antecipou.
Reeves revelou ainda que gosta dos papéis de vilão, os quais considera “libertadores”. “Fazer o vilão é divertido. Os maus não têm confusões nem ambivalência. Não se perguntam se deveriam ou não fazer algo. São muito claros”, explicou.