Atrações do festival S.U.B.


Créditos: Divulgação

A alguns dias do seu aniversário de 31 anos, o americano Steven Ellison, nome verdadeiro de Flying Lotus, se apresenta em São Paulo na próxima quinta (2) com moral de sobra para ser o headliner do festival S.U.B. (Shut up It’s Bass), que rola no Áudio.

Ele pode se considerar um dos caras mais respeitados da música em várias frentes, passando pela experimental, jazz e hip hop, culminando com a eletrônica.

Com quatro excelentes álbuns no currículo (1983, Los Angeles, Cosmogramma e Until the Quiet Comes), e um novo disco (You’Re Dead) com lançamento marcado para o dia de seu aniversário (7), FlyLo é tipo um deuso negro da música moderna, que circula bem do alto escalão do indie (é amigo e parceiro do Radiohead) ao r’n’b (é BFF da Erykah Badu e do Thundercat).

Sobrinho-neto da pianista Alice Coltrane (mulher de John Coltrane), Lotus usa sua experiência como produtor musical e cineasta para realizar performances que levam quem o assiste a um universo mágico. Para isso, ele conta com a dupla de artistas visuais Strangeloop e Timeboy, com quem criou a apresentação Layer 3, um show audiovisual 3D, cuja concepção e método de criação você pode ver neste vídeo da Red Bull Music Academy.

Além de Flying Lotus, o festival S.U.B., que teve sua programação reduzida para uma única noite (a princípio seriam duas), ainda tem nomes de peso, como a americana Kelela, a canadense Jessy Lanza, a dupla brasileira Tropkillaz (Zegon e André Laudz) e o inglês Kode9. Um festival de peso, que pela primeira vez no Brasil foca a bass music como pilar principal.

“Eu me lembro de estar no Brasil e me perguntar quando esse tipo de som ia estourar por aí”, disse FlyLo em entrevista por telefone ao Virgula. “Os brasileiros são muito conectados com o que está rolando no mundo. Curto muito esse aspecto da população, adoro conversar com a garotada. É muito legal, especialmente para um americano como eu, estar junto de pessoas que estão tão ligadas com as coisas que rolam no resto do mundo. Sinto muito isso quando vou ao Brasil. Sempre tive uma conexão especial com o Brasil. Tenho amigos que sempre adoraram o Brasil, que adoram comprar discos no país. Por isso acabei criando um vínculo com o país, muito antes mesmo de começar a me apresentar no Brasil”, diz o americano e completa: “sempre me inspirei pelos ritmos brasileiros, com certeza incorporei esse ‘brazilian feeling’ na minha música desde que comecei a visitar o país”.

Quer saber como foi o resto da conversa? É só ler aí embaixo.

Virgula – Qual é o maior desafio para alguém que está começando a fazer música eletrônica hoje?

Flying Lotus – Acho que o maior desafio é não se deixar influenciar tanto pelas mídias sociais. Muito disso dita o que as pessoas vão fazer, como elas vão se comunicar. Seria legal se houvesse uma separação maior entre o tempo de trabalho e o tempo de recreação na internet. Acho legal que o artista decida interagir com as pessoas, mas não é preciso contar ao mundo todos os pensamentos dele, sabe? As redes sociais te dão acesso ao ego das pessoas e não necessariamente a quem elas são de verdade. Você acaba tendo uma percepção distorcida até de quem você achava que já conhecia. Ah, sei lá. É estranho.

Virgula – O que te fez querer ter um selo [o Brainfeeder]?

Flying Lotus – Eu tinha um monte de gente próxima a mim que eu achava brilhante, e eu queria ser o cara a dar uma “casa” pra eles. Eu já lançava minhas coisas, mas queria viabilizar os sons maravilhosos de gente que eu admirava, basicamente. Aí criei o selo.

Virgula – Seu disco novo, You’re Dead, está para sair. Como você o descreveria, do jeito mais simples possível?

Flying Lotus – A ideia do disco é retratar a viagem que começa no momento em que você morre até a sua próxima experiência. Essa era a minha ideia, foi nisso que pensei quando comecei a fazer o disco.



Virgula – Você é espiritualizado?

Flying Lotus – Diria que sou. Ao mesmo tempo, não é uma declaração religiosa. De uma certa forma, o disco foca a maneira como as pessoas percebem o túnel de luz ou sei lá o quê quando estão prestes a morrer. Não sei se acredito. Mas o disco soa como a maneira que eu imagino essa passagem da morte para a próxima experiência. Acho que foi uma forma pop de pensar nessa questão.

Virgula – Existe algum artista brasileiro com quem você gostaria de trabalhar?

Flying Lotus – Eu adoro o Arthur Verocai. Já ouvi tantas vezes aquele disco dele, o primeiro [Arthur Verocai, 1972], os arranjos são tão lindos. É tão melódico e acessível ao mesmo tempo. Adoraria fazer algum trabalho com ele. Peça para ele me ligar! Adoraria conhecê-lo, pelo menos. (Na foto abaixo, Verocai durante gravação)

Virgula – E como vai ser o show em São Paulo?

Flying Lotus – Vou fazer meu show com visuais 3D, com meus artistas visuais, Strangeloop e Timeboy. Vai ser bem legal, vou tocar músicas novas e antigas também.

Virgula – Pra terminar, quais artistas novatos da sua área (região de Los Angeles) você indicaria pra gente ouvir?

Flying Lotus – Tem um rapaz muito bom, do jazz, que se chama Louis Cole. Ele é um baterista, mas também toca piano, é muito bom. Recomendo.

FESTIVAL S.U.B.

Quando: 2 de outubro, a partir das 23h

Onde: Audio (Av. Francisco Matarazzo, Barra Funda, tel. 3862-8279)

Valores: R$ 60 (meia) e R$120

Censura: 18 anos

Estacionamento: não

Confira abaixo o line-up com horários

Palco Club

23h – Soul One

00h – Jessy Lanza

01h – Dubstrong

02h30 – Kelela

03h30 – Trusty

Palco Stage

00h – CESRV

01h – Flying Lotus

02h – Kode9

03h – Tropkillaz

04h15 – Party Favor


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Flying Lotus traz seu show 3D a São Paulo e quer fazer música com Arthur Verocai