Os últimos soldados americanos que restavam no Iraque deixaram neste domingo (18) o país em direção ao Kuwait, com o que Washington coloca fim a presença no Iraque.

A TV oficial iraquiana mostrou imagens do comboio de veículos blindados com dezenas de soldados dos Estados Unidos cruzando a fronteira entre o Iraque e o Kuwait no início da manhã.

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Desta forma, os EUA encerram quase nove anos de presença militar no Iraque com a retirada total de suas tropas, cujo prazo expirava em 31 de dezembro.

Nos últimos dias, o Exército americano vinha fechando os capítulos desta retirada com a entrega as autoridades iraquianas dos prisioneiros que tinham em suas mãos e a transferência da última base militar em seu poder.

Com a transferência do controle da base Imam Ali, como os iraquianos a chamam, ou Camp Ader, nome dado pelos americanos, em Al Nasriya, no sul, os norte-americanos concluíam a entrega das 505 bases sob sua supervisão todos estes anos no Iraque.

Na quinta-feira, a bandeira americana foi arriada em Bagdá em ato carregado de simbolismo assistido pelo secretário de Defesa americano, Leon Panetta.

Em meio à alegria que causa entre os iraquianos a saída dos soldados americanos, o analista político Fahd Jaber considerou que “a destruição das infraestruturas e o número de vítimas civis causadas pela ocupação ficarão por longos anos fixos nas retinas dos cidadãos”.

Cálculos da ONG Iraq Body Count contabilizam que os mais de oito anos de guerra no país árabe deixam mortos mais de 100 mil iraquianos e 4,4 mil soldados americanos, sem contar as baixas entre os países da coalizão internacional.

Na opinião de Jaber, a retirada vai ter repercussões negativas no curto e no longo prazo, “principalmente, no âmbito da segurança porque as forças americanas saíram do país sem deixar uma cobertura aérea que proteja o céu do Iraque e sem instituições de inteligência fortes”.

A esse respeito, Jaber destacou a pobreza dos equipamentos dos corpos de segurança iraquianos. Além disso, “as instituições de segurança em sua maioria se submetem a lealdades sectárias e partidárias. Estão ainda longe da prática profissional que atua a favor de todos os iraquianos”.

Precisamente a falta de imparcialidade e as más práticas das Forças de Segurança iraquianas foram alguns dos argumentos citados pelo segundo bloco político do país, Al Iraqiya, do ex-primeiro-ministro Ayad Allawi, para suspender sua participação no sábado no Parlamento.

Com esta medida, abre-se a porta para uma nova crise política no Iraque, justo quando os soldados americanos deixam o país conforme o pacto de segurança assinado entre Washington e Bagdá em dezembro de 2008.

Apesar de oficialmente os últimos soldados das Forças Armadas dos EUA terem deixado o país neste domingo, Jaber ressaltou que 157 militares americanos permanecerão no Iraque, ao lado de um pequeno grupo de fuzileiros navais, protegendo a embaixada americana.

Paralelo a retirada dos EUA, a Otan terminou no sábado de maneira oficial sua missão no Iraque, iniciada em 2004, após não alcançar um acordo com as autoridades locais para que seus soldados dispusessem de imunidade.

Nos últimos anos, a Otan participou da formação e treinamento das Forças de Segurança iraquianas. Conforme dados da organização, a missão treinou 5 mil militares e 10 mil policiais no Iraque e ofereceu ao país mais de 115 milhões de euros em equipamento militar. 


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Último soldado americano deixa o Iraque