Tão Forte e Tão Perto, de Stephen Daldry com Tom Hanks, Sandra Bullock e Thomas Horn


Créditos: divulgacao

À primeira vista, a adaptação de Tão Forte e Tão Perto pode soar comum: um drama com ponto de partida no trágico 11 de Setembro, Tom Hanks (que há algum tempo se tornou inexpressivo) e Sandra Bullock no elenco e “trilha catalisadora de lágrimas” de Alexander Desplat. Porém, há a elegante mão de Stephen Daldry (diretor de Billy Elliot, As Horas e O Leitor, mais uma vez com um filme no Oscar), a bela fotografia de Chris Menges (Terra Fria e Três Enterros) e a incrível narrativa de Jonathan Safran Foer (aclamado autor de Tudo Se Ilumina, que deu origem ao tocante Uma Vida Iluminada) de fundo.

No filme, o esperto Oskar Schell (Thomas Horn), de 11 anos, perde o pai, Thomas (Hanks), nos atentados do 11 de Setembro. Devido a forte ligação paternal, precisa superar ferozmente a perda junto (ou melhor, alheio) à sua mãe, Linda (Bullock). Um ano depois, ele encontra uma misteriosa chave no intocado armário do pai que parece “trazê-lo de volta” e o leva a uma jornada em busca de um segredo pelas cinco regiões de Nova York, enquanto conhece pessoas de vários tipos e descobre sua própria história.

Essa descoberta poderia ser tornar uma jornada de auto-conhecimento e aceitação, como no livro, mas na responsabilidade do roteirista Eric Roth (Forrest Gump, O Contador de Histórias) ganha um tom apelativo. Inclusive metade da crítica americana acusou o filme de explorar a tragédia do 11 de Setembro, chamado pelo garoto de “o pior dia”, para emocionar o espectador. Em especial a cena que Oskar imagina seu pai se jogando do World Trade Center e as assustadoras mensagens deixadas na secretária eletrônica. Um tema latente aos inques, como foi – guardadas as devidas proporções – o Holocausto por anos.

As performances

Para a sorte do filme, Tom Hanks e Sandra Bullock aparecem pouco em cena. O perspectiva toda é do garoto Oskar, que apesar de ser irritante em alguns momentos, é brilhantemente interpretado por Thomas Horn, principalmente nas cenas em que a emoção transborda. Na recente Berlinale, o ator estreante contou que foi a Nova York conversar com famílias das vítimas. “Isso me conectou não apenas com os fatos em si, mas pude me conectar emocionalmente com o que aconteceu”, disse ele, que não tem lembranças do atentado, porque tinha apenas três anos na época. Assim como seu personagem, Horn é uma espécie de geniozinho: em 2010 virou notícia nos EUA ao ficar em primeiro lugar no programa de perguntas e respostas Jeopardy!, que lhe rendeu quase 32 mil dólares.

Vale muito a pena citar, ainda, a performance de Max von Sydow, indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante. O consagrado ator sueco, de 82 anos, que viveu o padre Merrin de O Exorcista e protagonizou a cena clássica do jogo de xadrez com a morte em O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, rouba a cena quando entra na vida do garoto. Mudo desde um trauma na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, seu personagem usa um pequeno bloco de papel e as tatuagens “Sim” e “Não” nas mãos para se comunicar. Ele é encontrado pelo garoto na casa vizinha da avó, que o chama de “O inquilino” (mais informações sobre o assunto estragaria uma descoberta, mesmo que previsível). Só vale reafirmar que a dupla é responsável pelas melhores sequências do filme.

Emoções induzidas

Embora as emoções sejam, como ditas anteriormente, apelativas e muitas vezes induzidas, o espectador mais sensível vai chorar em diversos momentos do filme. Seja pelos momentos de fragilidade do jovem protagonista, seja pelas duras palavras ditas por ele à mãe: “Preferia que você tivesse morrido no lugar dele”.

E apesar de tenso na maior parte do tempo, há alguns alívios cômicos – cortesia da narrativa de Safran Foer e com justiça colocadas no longa – para deixá-lo mais leve.


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Crítica: Tão Forte e Tão Perto, de Stephen Daldry, indicado ao Oscar de Melhor Filme