Sónar São Paulo - 12/05
Quase 30 atrações fizeram parte do line-up do segundo dia do Sónar São Paulo, neste sábado (12). O dia começou um pouco mais cedo que o anterior, às 16h, e foi marcado pelo contraste entre sons grandiosos, ideais para grandes festas, e as apresentações mais intimistas de todo festival.
Enquanto aguardavam pela abertura do palco SónarClub, o maior dos três, o público do sábado – estimado em 16 mil pessoas – pôde conferir a belíssima performance de Alva Noto & Ryuichi Sakamoto.
Com um set poético que aliou frequências eletrônicas, linhas ousadas de piano e efeitos visuais incríveis, a dupla transformou em realidade a proposta do festival: unir música de vanguarda e tecnologia de ponta. Deu certo. O único problema foi a insistência do público em conversar durante o show, o que irritou alguns presentes – os pedidos de silêncio eram tantos que às vezes o insistentes “shhhh…” pareciam sair direto dos aparelhos de Noto.
No SónarVillage, chegava a vez de Rustie, novato na cena eletrônica que lançou seu elogiado disco de estreia no ano passado. Rustie é mais um influenciado pelo dubstep, gênero representado à exaustão no Sónar. Com graves estremecedores, o escocês empolgou, apesar do atraso de quase uma hora e aparentes problemas no som no início do set.
O soul pop e o R&B de Cee Lo Green já tomava conta do SónarClub quando o pós-rock do Mogwai tomou conta do palco SónarHall, por volta das 22h40. O quinteto escocês é mestre em construir e desconstruir tensão, revezando melodias harmoniosas e delicadas com momentos de fúria intensa.
A produção do palco mandou o show terminar quando o relógio marcou 23h30, mas o Mogwai não se deu por satisfeito. A banda não só atendeu os pedidos do público por mais uma como emendou a excelente 2 Rights Make 1 Wrong com a furiosa Batcat, em um bis que durou quase 20 minutos. A produção do palco não gostou, e segundo o integrantes da banda pelo Twitter, alguns membros da equipe técnica chegaram a ameaçar quebrar os equipamentos do grupo.
Do experimentalismo do Mogwai para o electro acelerado do Justice, que fez o show mais cheio – e empolgado – de todo o festival no SónarClub. Com repertório baseado no primeiro disco (†, de 2007), a dupla francesa botou a plateia para dançar, e teve a performance considerada por muitos como a melhor do Sónar.
Mas instantes antes do Justice botar o Sónar abaixo, o dubstep – olha ele aí de novo – minimalista de James Blake encantava o SónarHall, apenas parcialmente cheio. Ao vivo, as canções do inglês ganham em espontaneidade, às vezes soando como jam sessions com equipamentos eletrônicos. A voz potente e macia de Blake também ganha força ao vivo, e provocou suspiros e olhares descrentes de muita gente.
O show minimalista de Blake foi o contraponto perfeito ao techno experimental massivo dos alemães do Modeselektor, que agradaram com um set grandioso e animador. Em certo momento, Sebastian Szary, um dos integrantes do grupo, desceu à grade e estourou duas garrafas de champanhe na cara dos fãs mais fieis, que embebidos pela potência da dupla, só tinham forças para pedir mais e continuar dançando.
Com ótima infraestrutura e apresentações memoráveis, o Sónar São Paulo 2012 mostrou que tem tudo para fazer história por muito tempo no Brasil. Que venha 2013.