Primeira fila do show do Guns N' Roses
É dura a vida da juventude do rock. Esta é a constatação óbvia, quando, há poucos minutos do Guns N´ Roses entrar no palco do festival Planeta Brasil, em Belo Horizonte, os “guerreiros” que haviam conseguido se postar na grade da frente do palco esperavam para ver Axl Rose de perto. Naquela altura do sábado (22), eles completavam entre sete e nove horas de espera naquele mesmo lugar, enfrentando sede, fome e a vontade de fazer xixi.
A aventura de muitos daqueles meninos e meninas, no entanto, começara muito antes e incluiu longas viagens, chuva e perrengues.
“A água não chega mais”, dizia Karolyne Chistine, 16 anos, ao Virgula Festivais. “O pior é o empurra-empurra. Não sei por que fazem isso, não adianta empurrar porque daqui não passa”, reclamava Kevin Ferreira, 17. “O xixi a gente aguenta, sobrevivemos de algum biscoito que aparece e da água, quando conseguimos”, contou Ramon de Carvalho Santos, 20.
Luciana Zola, 16, resumiu o sentimento do grupo: “Se eu morrer hoje, morri feliz”. Com uma tatuagem dedicada ao Guns no braço esquerdo, Jeferson Dias de Souza, 34, explicava à reportagem sua paixão. “Posso falar que é a trilha sonora da minha vida. Tocou November Rain no meu casamento, perdi a virgindade em uma zona ouvindo Patience, fiz questão de tocar Sweet Child of Mine quando minha filha nasceu, bati o carro do meu pai com You Could be Mine”, lembrou.
Jeferson: prestes ao ouvir ao vivo a ‘trilha sonora’ da sua vida
Para Jeferson, as críticas de que a banda se descaracterizou com a permanência apenas de Axl Rose da formação clássica, não colam. “Se fosse a banda antiga inteira sem ele, não seria Guns N´Rose, mas, com ele, é. Axl Rose é o mito, ele é tudo na banda”.
Cadeirante, ele mal podia acreditar que estava bem na frente do palco. Jeferson já havia visto a banda em outras ocasiões, mas não àquela distância. “Estou até tremendo aqui”, disse. Pouco antes do show, no entanto, um segurança o impediu de ficar ali.
“Só porque sou cadeirante, tenho que pagar mais para ficar em um lugar ruim?”, questionou. Frustrado, Jeferson apenas balbuciava as letras e sacudia, timidamente, os longos cabelos. Ao som de Guns, contudo, mais um capítulo da sua vida estava escrito.