Adolescentes famosos contam ao Virgula como lidam com o mercado do Entretenimento (Na foto: Sofia Schaadt, Vitor Vaimberg, Gabi Amaral e Stéfano Agostini) – Divulgação

Em mundo onde a internet é capaz de levar qualquer notícia, foto ou vídeo em segundos de um canto para outro do globo terrestre, o sucesso para muitos acontece cada vez mais cedo. Mas como será que os adolescentes já famosos e com certa experiência no mercado do Entretenimento lidam com isso hoje em dia?

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É comum vermos nas redes sociais até mesmo crianças já com mais de 1 milhão de seguidores e até mesmo idolatradas. Bom ou ruim para elas e para a família? O Virgula conversou com quatro adolescentes que fazem sucesso no teatro e na televisão desde muito novinhos, e ainda com a psicóloga Beatriz Brandão, que falou com conhecimento sobre o assunto.

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Sofia Schaadt, Vitor Vaimberg, Gabi Amaral e Stéfano Agostini contaram sobre suas experiências e o que pensam sobre o mundo do Entretenimento atualmente, assim como Beatriz. Confira as respostas de cada um deles na entrevista abaixo.

Virgula: Num mundo mais globalizado pelas redes sociais o que os jovens de hoje pensam sobre sucesso?
Victor Vaimberg: Os jovens da minha geração acham que o sucesso se mede pelo número de seguidores, mas não concordo com isso. Para mim, o sucesso tem muito a ver com uma realização pessoal. Se eu me esforcei, trabalhei e conquistei algo, eu fui bem-sucedido. Nem sempre o sucesso tem ou precisa de reconhecimento, às vezes as pessoas nem sabem o que você queria conquistar.
Fazer sucesso na internet é algo muito imprevisível e sempre vai ser, pois não tem como calcular exatamente o que o público quer e quando ele quer, mas dá pra se ter uma ideia na medida em que você conhece melhor o seu público, e quando você entende isso a chance de obter o sucesso por mais tempo é muito maior!
Sofia Schaadt: Alguns buscam sucesso, mas acho que ele é uma consequência, de vc ser vc mesma e tentar passar o máximo de verdade.
Gabi Amaral: Acredito que hoje em dia o conceito de sucesso é visto como algo mais fácil de alcançar através das redes sociais. Quando a gente pensa nisso, logo pensamos em popularidade e o quanto de repercussão nosso trabalho pode ter, o que fica mais viável com as redes. Mas acho que é perigoso atrelar o conceito só a isso, uma vez que essa pode ser uma visão rasa.
Stéfano Agostini: Na verdade pra mim sucesso é uma coisa muito relativa. Penso que o sucesso vem com a excelência no trabalho, vem como um reconhecimento de que vc está no caminho certo , mas é fato que hj em dia muitos pensam no sucesso por exemplo pelo número de seguidores nas redes sociais e viram robôs do que todos fazem , sem ter criatividade e sem usar sua própria identidade.

Beatriz Brandão: No cenário atual, muitos jovens brasileiros veem o sucesso como sinônimo de popularidade nas redes sociais. Para eles, o número de seguidores, curtidas e comentários é a métrica que define se estão ou não bem-sucedidos.

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Um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 2023 mostrou que 78% dos jovens entre 16 e 25 anos acreditam que ter uma grande quantidade de seguidores nas redes sociais é um dos principais indicadores de sucesso na vida. Essa mentalidade é reforçada pelo ambiente digital, onde a comparação com outros jovens é constante e muitas vezes tóxica.
A pesquisa também destacou que esses jovens tendem a associar sua autoestima diretamente ao desempenho online: quando as interações diminuem, também diminui a percepção de valor pessoal. Isso cria um ciclo de ansiedade e pressão, onde o jovem sente que precisa estar constantemente se superando para ser validado pelos outros, o que pode, em muitos casos, levar a problemas graves de saúde mental, como depressão e distúrbios de ansiedade.
Além disso, essa busca incessante por popularidade pode distorcer a visão do que realmente significa ser bem-sucedido. Ao priorizar a validação externa em detrimento do desenvolvimento pessoal, os jovens podem perder oportunidades de crescimento genuíno e autoconhecimento. A curto prazo, isso pode parecer inofensivo, mas a longo prazo, o impacto na saúde emocional e nas relações pessoais pode ser devastador.
Virgula: Atores, cantores e influencers jovens lidam bem com o sucesso que fazem nas redes?
Vitor Vaimberg: Acho que hoje em dia os jovens lidam melhor com o sucesso, pois existem mais ferramentas a nossa disposição para aprendermos com os erros do passado. Onde eu quero chegar com isso? Eu acredito que por várias situações que já ocorreram por conta de uma má gestão da fama, hoje os responsáveis e até os próprios adolescentes buscam mais ferramentas e profissionais qualificados para ajudar nesta questão.
Sofia Schaadt: Eu não acho que tenho sucesso, mas acho que muitas pessoas gostam de mim e gostam das mesmas coisas que eu gosto e isso que acaba fazendo sucesso.
Gabi Amaral: Cada artista vai lidar de um modo com a influência das redes no seu trabalho. Realmente, as plataformas digitais aumentam a possibilidade de repercussão da nossa arte, mas geram uma outra discussão: somos influenciadores ou artistas? o quanto temos que banalizar nossa arte pra ela se popularizar nas redes? ainda é uma pressão sentir que além de ser bom no trabalho artístico precisamos nos especializar em plataformas totalmente diferentes e novas, que terão outros formatos e significados pra nossa arte.
Stéfano Agostini: Acho que sempre vai ter aqueles que continuam mantendo seus princípios e aqueles que o sucesso sobe a cabeça.
Beatriz Brandão: Imagine um jovem ator que finalmente consegue um papel de destaque em uma série de televisão. No início, ele sente uma onda de realização, como se todos os seus esforços tivessem finalmente valido a pena. Porém, conforme a série avança e ele começa a ganhar notoriedade, a realidade do mercado de entretenimento começa a se manifestar. Ele percebe que, para continuar relevante, precisa se reinventar constantemente – não pode apenas repetir o que já fez.
O mundo das redes sociais é extremamente rápido e competitivo, e o público pode se cansar rapidamente de um personagem ou de um estilo. Isso cria uma pressão constante sobre o jovem ator para inovar e se adaptar a novas tendências. Ele começa a sentir uma ansiedade avassaladora, com medo de que, se não conseguir se destacar em seu próximo papel, seu momento de fama passe rapidamente. Essa pressão pode levá-lo a tomar decisões precipitadas, como aceitar papéis que não estão alinhados com seus valores ou que não representam bem seu talento, apenas para continuar em evidência.
A longo prazo, essa necessidade de se adaptar constantemente pode levar a um desgaste emocional e profissional. O jovem pode se sentir perdido, sem saber qual direção seguir em sua carreira, ou começar a duvidar de suas próprias habilidades. A instabilidade do mundo virtual pode fazer com que ele se sinta em uma montanha-russa, onde o sucesso de hoje não garante nada para o amanhã. Isso pode gerar uma sensação de insegurança e esgotamento, dificultando a construção de uma carreira sólida e duradoura para eles.
Virgula: O que afeta no comportamento do jovem de sucesso no Entretenimento quando ele alcança o topo?
Vitor Vaimberg: Não ter o pé no chão! Temos que ter o maior cuidado com a vaidade e falta de humildade Estar no topo em um momento não significa se manter lá, principalmente nessa área onde a competição é constante e a renovação de tendências é quase que diária.
Sofia Schaadt: Acho que quando se perde a essência, isso acho que afeta, quando eu perder minha verdade, deixar de fazer o que gosto, p passar apenas p agradar os outros, ou passar a ser apenas por dinheiro!
Gabi Amaral: Acho que o sucesso pode ser um perigo pra qualquer um que não saiba lidar. A diferença como jovem na indústria do entretenimento é que a gente cresce com isso, com expectativas e pressões atreladas às responsabilidades do trabalho. Temos influência desde
jovens, mesmo que em diferentes níveis, então não podemos fazer ou divulgar certas coisas normais de jovem ao público. Isso não é algo ruim, é apenas uma consequência das responsabilidades que assumimos desde cedo.
Stéfano Agostini: O sucesso deveria afetar a nós jovens fazendo com que fizéssemos a diferença e tenho visto que tem sido assim com muitos . Acho legal vc ser engajado com coisas que vão fazer a diferença não só pra gente mas sim pra outras pessoas.

Beatriz Brandão: Quando um jovem no mundo do entretenimento atinge o topo de sua carreira, a pressão que ele enfrenta pode ser esmagadora. Na abordagem comportamental, entende-se que o sucesso inicial atua como um reforçador positivo. Isso significa que o reconhecimento público, os prêmios, os elogios e a fama funcionam como recompensas que incentivam o jovem a repetir os comportamentos que o levaram ao topo. No entanto, esse reforço contínuo cria uma expectativa interna e externa de que ele deve manter ou até superar seus feitos anteriores constantemente.

Com o tempo, o jovem pode começar a sentir um medo crescente de não conseguir manter
o mesmo nível de sucesso. Esse medo pode levar a comportamentos obsessivos, como a
necessidade de controlar cada detalhe de seu trabalho, o que pode resultar em
perfeccionismo extremo. O perfeccionismo, por sua vez, pode ser paralisante, fazendo com
que ele procrastine ou evite novos projetos por medo de falhar. A falta de reforço contínuo –
como uma queda na popularidade ou críticas negativas – pode levar à desmotivação e a
sentimentos de inutilidade, criando um ciclo de autossabotagem.
Esse jovem pode começar a evitar situações onde o fracasso é uma possibilidade real,
limitando suas oportunidades de crescimento e inovação. Em vez de se sentir empoderado
pelo sucesso, ele se sente aprisionado por ele, temendo que qualquer erro possa arruinar
tudo o que conquistou. A abordagem comportamental nos ajuda a entender como esse ciclo
de reforço e punição pode levar ao esgotamento e a comportamentos que, em última
análise, sabotam o próprio sucesso que ele tanto se esforçou para alcançar.
Virgula: Os jovens do entretenimento hoje são mais ansiosos por fazer sucesso?
Vitor Vaimberg: Com certeza. Nessa geração a ansiedade por si só já é algo muito presente e acredito que com a rapidez que tudo acontece nas redes sociais, alcançar o sucesso, aparentemente, se tornou algo mais “fácil” de se atingir. Por isso, muito acham que é só postar qualquer coisa que irá ter milhões de visualizações, em poucas horas.
Sofia Schaadt: Acho que a ansiedade tá sim no nosso meio, mas no meio dos adolescentes em geral, pq nossa geração vive tudo muito intensamente e acho que essa intensidade de queres fazer tudo e ter tudo ao mesmo tempo que me causa essa ansiedade.
Gabi Amaral: Acho que todo mundo quer ser bem sucedido. Pra mim, pelo menos, quero ser reconhecida pela minha arte e por fazer bem o que eu amo, mas não sei se sou “mais ansiosa” para fazer sucesso. Quero me dedicar, me especializar e sei que construir uma carreira sólida leva tempo então estou super disposta a ser paciente.
Stéfano Agostini: Ah, pelo que percebo, acho que sim.

Beatriz Brandão: A ansiedade por alcançar o sucesso rapidamente está criando uma geração de jovens no entretenimento que pode enfrentar sérios problemas no futuro. A pressão constante para estar sempre no topo, para ser sempre o próximo “grande nome”, está gerando um ambiente de estresse crônico. Esse estresse contínuo pode ter efeitos duradouros na saúde desses jovens, tanto mental quanto fisicamente. Do ponto de vista mental, a ansiedade constante pode levar a distúrbios como transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e depressão, que muitas vezes requerem anos de tratamento e podem afetar gravemente a

qualidade de vida.
Fisicamente, o estresse crônico está associado a uma série de problemas de saúde a longo prazo. Por exemplo, o aumento contínuo dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, pode levar a problemas cardíacos, distúrbios do sono e enfraquecimento do sistema imunológico, tornando esses jovens mais suscetíveis a doenças. Além disso, a pressão para estar sempre conectado e disponível pode impedir que esses jovens desenvolvam habilidades importantes para o bem-estar emocional, como a resiliência e a capacidade de lidar com frustrações.
No futuro, esses jovens podem se tornar adultos inseguros, com dificuldades em estabelecer e manter relacionamentos saudáveis, tanto pessoais quanto profissionais. A constante necessidade de validação externa pode resultar em uma identidade frágil, onde a autoestima é dependente do reconhecimento alheio. Isso pode dificultar a adaptação a ambientes que não oferecem o mesmo nível de reconhecimento instantâneo que o mundo do entretenimento e das redes sociais.
Virgula: Qual a maior dificuldade que o jovem encontra hoje no mercado do
entretenimento?
Vitor Vaimberg: Ter sempre um diferencial a mais e para isso precisa sair da sua zona de conforto e buscar, a todo tempo, novidades, conteúdo, aperfeiçoamento. Hoje em dia não dá para ficar parado fazendo a mesma coisa, por melhor que seja.
Sofia Schaadt: Acho que ser tudo tão intenso e rápido, hoje o que faz sucesso, não é mais a mesma coisa amanhã, e, ter que estar sempre antenada e sabendo o que as pessoas estão gostando e fazer isso tudo combinado com o que eu gosto é que eu acho que talvez seria o ponto que estamos sempre Buscando e o mais difícil.
Gabi Amaral: Acho que lidar com as pressões e responsabilidades. É preciso muito estudo, disciplina e responsabilidade para entrar nesse mercado. É muito comum não conseguirmos aproveitar encontros com amigos, festas ou eventos porque temos uma gravação ou ensaio etc. Temos que conciliar essas responsabilidades com a vontade de aprimorar nossas habilidades, “trabalhar” e os estudos.
Stéfano Agostini: Ter seu real talento visto.

A psicóloga Beatriz Brandão

Beatriz Brandão: Para muitos jovens que atingem o sucesso no mundo do entretenimento, lidar com essa nova realidade pode ser extremamente desafiador e desgastante. Imagine uma jovem influenciadora que, após postar um vídeo que viralizou, vê seu número de seguidores aumentar exponencialmente. No início, isso traz uma sensação de euforia e realização, mas rapidamente a pressão para manter esse nível de sucesso começa a se manifestar. Ela pode começar a sentir uma necessidade incontrolável de postar constantemente, temendo que uma queda na frequência leve à perda de seguidores. Com o tempo, essa pressão se transforma em sintomas físicos e emocionais, como insônia, onde ela se vê incapaz de dormir devido à preocupação constante com seu conteúdo e a reação do público.

Além da insônia, é comum que surjam ataques de pânico, caracterizados por uma sensação avassaladora de medo e desconforto físico, como falta de ar e palpitações. Esses episódios geralmente ocorrem quando ela sente que não está conseguindo atender às expectativas, tanto as dela quanto as do público. A jovem começa a sentir um cansaço extremo, não apenas físico, mas emocional, conhecido como burnout. Isso se manifesta por uma irritabilidade constante, uma sensação de distanciamento emocional e a percepção de que nada do que faz é bom o suficiente. Ela começa a perder o prazer nas atividades que antes amava, e a ansiedade se torna uma presença constante, como se estivesse sempre prestes a “cair do pedestal”.
Este ciclo vicioso de pressão e exaustão pode se agravar se não houver intervenções, como apoio psicológico ou a criação de limites saudáveis para a vida online. Sem isso, o jovem pode acabar se isolando, acreditando que ninguém mais entende o que está passando, o que pode agravar ainda mais os sintomas e levar a quadros de depressão profunda.
Virgula: Uma mensagem para quem está pensando em ingressar no meio
Vitor Vaimberg: Estudar e ser curioso sempre para ter sempre algo a mais a oferecer! E ter grandes objetivos. Ninguém chega longe pensando pequeno!
Sofia Schaadt: Seja você, mostre o que vc gosta e ama, as pessoas sentem que é uma verdade, e isso que elas gostam de ver, vc e seu dia a dia de verdade!
Gabi Amaral: Viva da arte por amor. Para entrar nesse mercado precisa estar preparado para lidar com muita rejeição, pressão e responsabilidade, mas se você realmente está cercado por amor, cada segundo é uma alegria. É árduo e, na maioria das vezes, nada glamuroso, mas o amor pelo que a gente ama é maior do que qualquer empecilho.
Stéfano Agostini: O que sempre falo pra quem me pergunta como entrar para esse meio é nunca desistir e sempre procurar se aprimorar e ser o melhor pra você mesmo.

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Jovens famosos contam ao Virgula como lidam com o mercado do Entretenimento