Festival Turá expande conceito de MPB com edição marcada por samba, funk e rap (Foto: Divulgação)

Neste final de semana, nos dias 24 e 25, aconteceu a segunda edição do Festival Turá. O evento foi realizado na área externa do auditório do Parque Ibirapuera e reuniu grandes nomes da música como Jorge Ben Jor, Gilberto Gil & Família, Zeca Pagodinho, Pitty e Mc Hariel.

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A mistura de diferentes gêneros e a promoção de encontros inéditos é uma das marcas do Festival Turá. Na edição deste ano, o funk e o samba foram os grandes destaques, ao passo que o rap e o rock também ganharam espaço. A edição expandiu o conceito de MPB para além do clássico e deu vazão à música popular nas ruas, festas e streamings.

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Os encontros exclusivos de artistas nos festivais é uma prática que se tornou comum. A atração principal convida o outro artista para cantar duas ou três músicas, geralmente parcerias entre os artistas ou músicas importantes para ambos. Alguns funcionam bem, como no caso de Delacruz com Luccas Carlos e BK’, Maria Rita com Sandra de Sá ou Pitty com Marcelo D2 e Céu. Mas, em outros casos, shows individuais seriam mais vantajosos, como o caso de Joelma e Mayra Adar, que em um momento ficou sozinha no palco para apresentar a faixa “Espumas ao Vento”, um forró contido em comparação ao frenético calypso de Joelma.

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Já a estrutura do festival ganha por ser em um parque, o que proporciona diversas áreas de descanso, sombras e espaço verde para quem deseja fugir do sol intenso das primeiras horas. A queixa ao Ibirapuera segue com o transporte público, principalmente para quem pega metrô. Perto dos portões do festival era possível encontrar pontos de ônibus e foi possível pegar carros de aplicativos sem transtornos ou grande período de espera, apenas o normal para grandes eventos.

Entre as opções de comida, o Turá contou com barracas de restaurantes, como Fôrno, Mocotó e Consulado Mineiro, além de outras opções de comida como pastel (R$ 17,00) e batata frita (R$ 22,00). Entre as opções de bebida, estavam o chopp Corona (18,00), água (7,00) e refrigerante (R$ 12,00). Os patrocinadores Jameson e Beefeater ofereceram outras opções de drinks nos estandes espalhados pelo festival.

Os dois dias do Turá começaram em clima de carnaval. No primeiro dia, o Bloco Pagu foi responsável por inaugurar as festividades, enquanto a Espetacular Charanga do França fez as honras no domingo. O evento foi marcado pela pontualidade nas apresentações nos dois dias e com diferentes discotecagens entre cada atração do palco principal.

O primeiro show do sábado foi de Lucas Mamede, artista pernambucano que lançou neste ano o álbum “Já ouviu falar de amor?”. Seguindo, Maria Rita foi a primeira atração que trouxe o samba para o festival, a artista apresentou diversos sucessos, como “Cara valente”. A participação de Sandra de Sá deixou o show ainda mais enérgico, entre as três faixas que a carioca apresentou, o sucesso “Olhos Coloridos” engajou ainda mais o público.

Após a discotecagem do DJ Mu540, que sofreu algumas variações de volume durante o set, MC Hariel subiu no palco e ficou marcado como uma das atrações mais comunicativas. Reforçando a importância de participar do evento, ele não deixou de ressaltar o quão raro é ver atrações de funk em eventos “alternativos”, como ele disse.

Comemorando a apresentação, ele celebrou o fato de seu camarim estar ao lado do espaço reservado para Jorge Ben Jor. Hariel agradeceu aos pais pelas referências musicais que foram fruto da MPB, mas reforçou que foi no funk que encontrou seu propósito. A mãe, orgulhosa, festejou na plateia. “Funk é uma cultura muito rica. Eu tô aqui para mostrar nossa cultura para vocês”, afirmou antes de cantar os hits como “Maçã Verde” e “Ilusão”. Feliz em representar o funk no festival, para além do DJ set do MU540, Hariel agradeceu e cravou que no próximo ano espera ver mais atrações do gênero no evento. “Que ano que vem tenha mais funkeiro no festival!”.

Em seguida, foi a vez de Zeca Pagodinho reforçar o samba no Turá. Após ter o show de 2021 cancelado por conta d0 diagnosticado de COVID-19, neste ano Zeca chegou acompanhado da banda e de uma mesa bistrô com três taças: água, cerveja e um líquido roxo, o que pressupõe uma taça de vinho. O cantor emplacou os seus maiores sucessos acompanhado da plateia animada, cantando em couro e batendo palmas no ritmo das faixas, enquanto Zeca bebericava uma taça ou outra entre as faixas. Entre as músicas, Zeca cantou “Deixa a Vida Me Levar”, “Minha Fé” e “Quando A Gira Girou”.

Já a principal atração do festival, Jorge Ben Jor, entrou acompanhado da sua banda, todos trajados de branco, para entoar os seus principais sucessos como “Salve Simpatia”, “País Tropical”, “Magnólia”, “Menina Mulher da Pele Preta” e “Taj Mahal”. Após cantar diversos hits, e com a possibilidade de cantar mais, o público suplicou por um bis no final da apresentação e o artista prometeu mais três minutos. Porém, a olhada disfarçada dele e da banda para o backstage confirmou o final do show. “Fica para uma próxima”, prometeu o carioca que saiu citando “Lá vem o homem de gravata florida” como suas últimas palavras.

Quem marcou presença no segundo dia do festival percebeu filas menores para recarregar o cartão cashless e pegar bebidas e comidas. O domingo teve mais opções de abastecimento de bebidas, com vendedores espalhados pela pista, o que não aconteceu no primeiro dia. As filas seguiram, mas bem menores em comparação ao dia anterior.

Depois da abertura da Espetacular Charanga do França, a banda Tuyo foi a responsável por estrear o palco do último dia do Festival Turá. O trio curitibano tem colaborações com FBC, Vitão e, recentemente, disponibilizou o EP “Depois da Festa”. Depois, o rapper carioca Delacruz foi responsável por representar o rap no festival, o show contou com os convidados Luccas Carlos e BK’, que apresentaram a dobradinha “Planos” e “Música de Amor Nunca Mais”.

Responsável por ficar com o horário do entardecer e início da noite, Pitty foi a única atração roqueira da programação. A artista apresentou o show comemorativo dos 20 anos do disco “Admirável Chip Novo”. “E eu lá vim da Bahia para chegar devagar?”, questionou a cantora em um interlúdio antes de cantar a faixa “Máscara”, primeiro single de ACN. Imponente, carismática e entusiasmada, a artista cantou sucessos como “Teto de Vidro” e “Equalize”.

Entre as participações, Céu e Marcelo D2 marcaram presença no show da baiana. “Varanda suspensa” foi uma das faixas cantadas com Céu, enquanto com Marcelo D2 ela cantou sucessos do Planet Hemp, como “Mantenha o Respeito”. Além da resenha e parceria no palco, Pitty demonstrou sua admiração pela versatilidade musical de Marcelo D2. “Nossa geração gosta de samba, reggae e rasta. Sair dessa caixa que tentam colocar a gente é difícil, mas esse cara consegue fazer isso”. O final da apresentação contou com uma homenagem a Gal Costa em que o trio cantou “Atento e Forte”, Céu teve problemas com o microfone desligado e Pitty resolveu dividindo seu mic com a cantora.

Em seguida, Joelma trouxe a influência do calypso para o Turá com faixas elétricas e coreografias contagiantes. Apesar de estar chateada por sua roupa de led não estar brilhando, a paraense não poupou esforços em animar o público cantando seus maiores sucessos como “Isso é Calypso”, “Cavalo Manco” e “A lua me traiu”. A cantora contou com a participação de Mariana Aydar.

Encerrando o festival, Gilberto Gil apresentou o show da turnê “Nós A Gente”, feita ao lado de sua família. Com filhos, netos e sobrinhos, Gil reuniu sua família para cantar os principais sucessos de sua carreira. Apesar da imagem divina de Gil, foi a Preta que arrancou os primeiros gritos da plateia assim que a família entrou no palco. O couro “Preta, eu te amo” foi repetido diversas vezes enquanto todos se posicionavam no palco. Preta Gil foi diagnosticada com câncer no intestino e está em tratamento oncológico, recentemente ela foi liberada para seguir em turnê junto com a família.

A apresentação de Gil&Família começou homenageando Gal Costa ao cantar “Barato Total”. Além da baiana, a paulistana Rita Lee também foi homenageada com a presença de seu filho, Beto Lee, que tocou “Ovelha Negra” junto com a família Gil. Os Gilsons – trio formado por João, Fran e José – cantaram “Várias Queixas”. Já Preta apresentou as faixas “Sinais de Fogo” e “Vá Se Benzer”, gravada em parceria com Gal Gosta. Nesse momento, a cantora se reafirmou e convidou a plateia para fazer o mesmo: “Eu sou Preta Maria, uma mulher negra, gorda, bissexual, estou tratando um câncer e eu vou me curar. Estou solteira, sou filha de Gilberto Gil”, disse antes de perguntar para algumas pessoas da plateia quem elas eram. Após a apresentação, todos se reuniram para cantar parabéns para Gilberto Gil, que completa 81 anos nesta segunda-feira (26).

Promover novos encontros e misturar ritmos é uma das principais promessas do Turá, o festival ofereceu uma variedade musical tanto nas apresentações quanto na escalação dos DJ’s. A pontualidade do show e a estrutura do parque são pontos positivos, enquanto as filas para consumo foram minimizadas no segundo dia do evento. Em sua segunda edição, o Turá firma seu posicionamento na rota de festivais como uma boa opção para quem curte diferentes gêneros musicais ou está disposto a escutar novos sons.


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Festival Turá expande conceito de MPB com edição marcada por samba, funk e rap