Após 10 anos como baterista da banda ATR, Eddu Porto lança, nesta sexta-feira (20), o EP “Tudo que Me Interessa Agora”. Composto por 4 faixas, o trabalho chega junto com o clipe de “Pra Si Mesmo”, que você confere com exclusividade aqui no Virgula junto com a entrevista com Eddu.
Com grande influência da MPB, com os sintetizadores da música eletrônica, Eddu Porto estreia seu primeiro EP solo. Em “Tudo que Me Interessa Agora” o artista nos apresenta letras que falam sobre coragem, paciência e vontade de encarar todas as coisas que estão por vir. Como se, após um momento turbulento em que todas as certezas são questionadas, novas foram criadas e agora são a base para novos momentos.
Após o lançamento de “Acontece”, em parceria com Àiyé, “Calma” e “Estamos Vivos”, o single “Pra Si Mesmo” completa o lançamento do EP e chega com um clipe. O registro serve como um lembrete de que olhar para si naqueles dias mais difíceis pode ajudar a colocar tudo no lugar.
As quatro faixas do álbum são compostas por Eddu, que também participou da produção de “Estamos Vivos”, “Calma” e “Acontece”, a última em parceria com Habacuque Lima. “Pra Si Mesmo” foi produzida por Habacuque Nakazato Lima. “Tudo que Me Interessa Agora” é lançado pelo selo Let’s Gig e distribuído pela Altafonte. A direção, roteiro e montagem do clipe é responsabilidade de Mariana Ayumi, o registro foi produzido com o apoio do programa m-v-f financing by noodle.
Eddu, após 10 anos como baterista da ATR como você decidiu embarcar na carreira solo e como está sendo esse momento para você?
Eddu Porto: Eu já vinha escrevendo e dando espaço a essa experiência de transformar algumas situações, reflexões e sentimentos em letra e música. Foi algo que me ajudou a entender muita coisa e também um desafio depois de tantos anos criando músicas instrumentais. Decidi focar totalmente nessa carreira, muito impulsionado por estar em casa, depois de anos circulando muito e também por me descobrir cada dia mais, buscando ferramentas que ampliaram e deram coragem de colocar isso pra fora.
Como surgiram as parcerias do EP? Tanto da Àiyé quanto dos músicos convidados.
Eddu Porto: Nas duas primeiras músicas, acabei tocando todos instrumentos, até para experienciar isso em uma gravação e todos processos até o lançamento. Convidei Daniel Pinheiro, que conheci na Colômbia quando estava com ATR e ele com Xênia. Queria me distanciar da bateria e ele é um dos bateristas que mais admiro atualmente. Nas 2 próximas músicas, senti a necessidade de ir pra outro estágio e juntar músicos e musicistas. Michele Cordeiro vi tocando com Emicida e me apaixonei. Tive a oportunidade de tocar com ela em um show muito louco, fazendo playback pra banda CNCO, uma boyband empresariada pelo Ricky Martin. Lua baixista, conheci enquanto acompanhava Luedji (sou agente dela pela Lets GIG) e me encantei pelo jeito dela tocar. Donatinho é o mestre dos timbres de sintetizadores e já tínhamos gravado juntos. Estela Paixão é minha professora maravilhosa, que me deu muita confiança e conheci quando ela acompanhava Liniker e Os Caramelows (banda que eu também fazia o agenciamento). Habacuque foi o cara perfeito para produção, com toda dedicação e cuidado. Nos conhecemos nos tempos de ATR. E Ayié é uma grande amiga. Compartilhamos muito sobre carreira solo e ser outras coisas além de baterista antes mesmo das duas carreiras acontecerem. Sou eternamente grato por todos e todas!
No material de divulgação você falou sobre a poesia da Aline Bei como referência do EP, quais foram as principais referências de “Tudo Que Me Interessa Agora”? Tanto musicais quanto estéticas.
Eddu Porto: Aline foi a grande influência para me aprofundar na escrita. Acho linda a trajetória dela e vibro a cada conquista. Para o EP, naturalmente me veio a junção da música brasileira, que é algo que sempre escutei influenciado pelos meus pais e avós, com a música eletrônica, principalmente os sintetizadores, que foi objeto de muita pesquisa durante a ATR. E esteticamente, gosto de minimalismo, simetria e cores pastéis. Talvez algo de Was Anderson, impulsionado pela moda monocromática e elementos mais exotéricos, que sempre convivi na casa da minha mãe.
Como surgiu a ideia do clipe “Pra si mesmo”? Nele são apontados diversos elementos místicos, qual a sua ligação com esse universo?
Eddu Porto: O clipe surgiu da ideia de amarrar todas as músicas em um só visual. Cada single que fiz tinha uma estética própria, com uma cor sobressalente guiada pela atmosfera da música. Além disso, elementos para cada música que simbolizavam esse processo que estava passando entre me entender, reinventar, me conhecer e aceitar que aquilo era o que mais me interessava. E que precisava colocar isso pra fora.
O que mais te interessa agora?
Eddu Porto: Agora, agora é enxergar esse processo como um começo que me deu coragem, que me fez me abrir. Que colocou luz em muita sombra. E buscar a sequencia natural dessa jornada, me aprofundando mais em estudos sobre qual estética musical sou eu, o que quero. Sem contar o interesse maior em voltar a ter mais esperança, vacinas pra todos, menos negacionismo, mais cooperação. Me interessa ver cor nesse mundo tão cinza.