Selo BR 135 busca impulsionar artistas maranhenses

“Esse tempo atravessa é Dis-Ritmia” o refrão da faixa “Dis-Ritmia” lançada nesta segunda-feira (12) pela dupla Criolina reflete um pouco do que estamos vivendo e inaugura o mais novo selo BR 135. A dupla falou com exclusividade ao Virgula sobre a criação do selo e da faixa.

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Com objetivo de promover artistas independentes do Maranhão, e fazer a conexão entre artistas dos quatro cantos do Brasil, nasce o selo BR 135. O festival, que recebe o mesmo nome, acontece há nove anos e promove artistas independentes da região.

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Com seis projetos selecionados: AFRÔS, Butantan, Gugs, Regiane Araújo, The Caldo de Cana e Pantera Black. O selo proporcionará aos artistas a gravação de músicas, clipes e um apoio sobre o mercado. Todos os nomes do selo são apresentados no EP “Conecta Música” lançado em janeiro de 2021.

Em comemoração ao lançamento oficial do selo, a dupla Criolina formada por Alê Muniz e Luciana Simões lança “Dis-Ritmia” para celebrar esta data. A faixa foi composta em parceria com Teo Ruiz e Estrela Leminski. A dupla deu mais detalhes do selo e da música para o Virgula, confira abaixo:

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Daniela de Jesus: Como surgiu a ideia de criar o selo e como vocês acham que ele é importante para fortalecer os artistas maranhenses?

Criolina: Nossa trajetória deu vida a todos os outros projetos. A música do Criolina está registrada em três discos: Criolina (2007), Cine Tropical (2011) e Radiola em Transe (2017), além do EP Latino Americano (2015). O segundo CD foi, sem dúvida, um marco na nossa carreira. Com ele, fomos contemplados pelo respeitado edital Rumos Itaú Cultural, que aponta os novos rumos da música brasileira, pelo 22o Prêmio da Música Brasileira (melhor álbum na categoria canção popular). Temos o bloco de rua “Bota pra Moer”, que atua no carnaval de rua do Maranhão e recebemos Elza Soares, Moraes Moreira, Otto Duda Beat como convidados nos últimos anos. Começamos lá em 2005, hoje somos um dos grandes destaques nacionais da música produzida no Maranhão, além de produtores e mobilizadores da cultura local. O principal deles é o Festival BR 135/ Conecta Música (formação, rodadas de negócios e bate papos) e que está em seu oitavo ano, realizando shows e diálogos culturais em praças, ruas e auditórios do centro antigo de São Luís. Já passaram pelo BR 135 nomes como Arnaldo Antunes, Siba, Zeca Baleiro, Baiana System, Céu, Nação Zumbi, Liniker, Pinduca, Dona Onete, Felipe Cordeiro, Xênia França, Edgar, entre mais de 700 grupos e artistas brasileiros.

Sempre foi desejo do Festival BR 135 contribuir para colocar o Maranhão no mapa cultural do Brasil, já que é um celeiro cultural até então desconhecido. A nova cena do Maranhão está a todo vapor e sem oportunidades, conversamos com Verônica Pessoa que nos ofereceu distribuição através da Believe – distribuidora francesa que chegou a pouco tempo no Brasil – com o objetivo de divulgar a música brasileira no mundo. Foi perfeito para o momento em que a música foi atingida em cheio pelo distanciamento dos palcos, eram a principal receita e forma de exercer nosso ofício.

D: Como aconteceu a seleção dos primeiros artistas?

C: A curadoria tem os mesmos critérios do festival BR 135; dar visibilidade aos sons contemporâneos, periféricos, de mulheres, pessoas LGBTQIA +, cultura popular do Maranhão mesmo. São extremamente talentosos e foram os mais atingidos no contexto da pandemia.

D: Como surgiu a ideia de fazer o EP “Conecta Música” com os artistas do selo?

C: Em atenção às medidas de prevenção e enfrentamento impostas pela pandemia, o Festival BR 135 precisou se ajustar. Por isso, neste ano o festival tem um formato diferente dos anos anteriores. Iniciamos o ano com o projeto do selo, dentro do nosso propósito de dar visibilidade à produção local e é a primeira vez que alguns desses artistas tem a oportunidade de gravar pela primeira vez. Fizemos a seleção pelo Festival BR 135. Cada contemplado está levando um pacote de oportunidades: a gravação de um single, sessão de fotos e registro audiovisual. As gravações foram feitas no estúdio Black Room com Sandoval Filho e estúdio Base, com o registro em vídeo, direção Tássia Dur e Sunday James e foto, no MAVAM (Museu Audiovisual do Maranhão) e o ensaio fotográfico tem direção de Layla Razzo.

D: Conta um pouco sobre “Dis-Ritmia”. Acredito que inspirada na criação do selo, como foi a criação da música?

C: A proposta do selo é também conectar artistas do Maranhão com produtores e artistas do Brasil. A partir dessa ideia, convidamos o casal Estrela Leminski e Téo Ruiz para compor uma música juntos com Criolina. Inevitavelmente, falamos sobre o tempo atual, caminhos, descaminhos, sentimentos, descompassos, comportamentos e sobre tudo o que esse tempo nos faz refletir e transbordar. Tempo não cabe no tempo, esse tempo que atravessa é disritmia. A música foi composta em Atins, nos lençóis maranhenses, fizemos uma pré produção em nossos home studio e posteriormente gravamos, produzimos e fizemos a mixagem com Rovilson Pascoal.

D: O que podemos esperar do selo BR 135?

C: Pretendemos lançar mais artistas esse ano, fiquem de olho no que vem por aí. Já temos engatilhado um projeto patrocinado pelo Natura Musical para darmos continuidade a aceleração dos talentos da música do MA. Acreditamos nas ferramentas que temos em mãos, na capacidade de reverberar as nossas vozes. Nosso objetivo é conectar o Maranhão com produtores e artistas de todo o mundo, fazer uma bonita troca, fazer parte da dança, criar curiosidade para o nosso sotaque, para a musicalidade desta parte do Brasil que tem um pé no Nordeste e o outro na Amazônia, banhado por um extenso litoral, que pelas ondas do mar recebeu a África que aqui permanece e pelas ondas de rádio que nos fizeram ouvir o Caribe e a Jamaica, que tocam nas radiolas e inspiram novos beats criados na periferia, capazes de dialogar com todas essas influências que recebemos por aqui.

Também estamos fazendo a venda de copos colecionáveis do Festival, online e de forma física nas lojas Santè. Toda a renda está sendo revertida em cestas básicas para os mais vulneráveis da cadeia produtiva da música, o nosso backstage, roadies e técnicos que mapeamos no início da crise sanitária.


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Criolina lança single "Dis-Ritmia" e anuncia criação do selo BR 135