Nesta sexta-feira (09) Felipe Antunes lançou em parceria com Tulipa Ruiz e Fábio Sá a faixa “Água-Viva”. A música faz parte do teatrofilme “Medeia por Consuelo de Castro” que também estreia hoje. Felipe Antunes contou um pouco mais sobre a produção da música para o Virgula.
A obra “Medeia por Consuelo de Castro” foi pensada pela Cia. BR 116 em um primeiro momento para ser uma peça de teatro, porém com a impossibilidade causada pela pandemia o espetáculo foi adaptado para as telas do cinema.
O longa é adaptação da peça “Memórias do Mar Aberto – Medeia conta a sua história”, escrita em 1997. A nova versão traz novas dimensões e conflitos internos para as personagens. A versão de Consuelo traz um contorno político para história. O filme está disponível na plataforma Belas Artes à La Carte do cinema Belas Artes.
Felipe Antunes é diretor musical da obra e, junto com Fábio de Sá, fez a faixa “Água-Viva” para compor a história. Tulipa Ruiz foi a artista convidada para dar voz a música. Este é o primeiro single do álbum completo com a trilha sonora do filme que será lançado ainda este semestre. A faixa “Água-Viva” traz a participação de Sérgio Machado, Guilherme Held e Allan Abbadia, além de Fábio Sá nos arranjos, violão, baixo elétrico, acústico e cordas.
Confira abaixo mais detalhes da música:
Daniela de Jesus: Como foi criar “Água-Viva” e qual a diferença de criar uma música já pensando em ser trilha sonora?
Felipe Antunes: Foi sensacional. Das experiências mais incríveis que participei e agradeço demais à Bete Coelho e Gabriel Fernandes por me confiarem essa. Todo o processo, todas as escolhas, as ideias, foram compartilhadas e sendo gestadas nesse fluxo de estudo com a Cia BR116. Por isso considero uma experiência incrível; a canção, quando nasceu dessa minha troca com Fabinho, nasceu de um jeito rápido. Mas já muito madura, já sabendo de onde vinha e pra onde ia. Compor pra trilha tem isso, sabe? Pesquisa e instinto, o que, na prática, ao longo da vida e trajetória, é o que sempre me interessou, mas é claro, o teatro, e nesse caso também o cinema, alimentam e estimulam ainda mais essa essência.
D: Como foi a parceria com o Fábio de Sá para criação da faixa?
F: Muito fácil, e muito enriquecedora. Sempre que eu entro num processo com ele saio maior. Ele é um dos melhores músicos com quem já trabalhei. Não digo só em relação a conhecimento musical, mas também pelo poder e disposição em mergulhar na viagem estética e espiritual junto. Eu me interesso pela maneira como ele gosta de pensar as coisas e sinto que ele também se interessa pela maneira como eu gosto de pensar as coisas. Tem muita convergência e as divergências são sempre as melhores e complementares. Tanto que estamos fazendo mil outras coisas juntos no momento.
D: Como aconteceu a participação da Tulipa Ruiz?
F: Tulipa, além de uma pessoa muito querida, é uma artista extremamente inspiradora. Ela me inspira demais como artista e na maneira como pensa sua autoria. Tem uma das vozes, na minha opinião, mais marcantes dessa geração. Gosto de dizer pras amigas, pros amigos, que daqui uns 30, 40 anos, e em diante, estarão falando dela como das maiores expressões vocais artísticas desse nosso tempo. Mas pra além disso, ela é uma “cantautora“, uma compositora das que mais admiramos, Fábio e eu, o que fez da canção algo muito maior do que era. Tudo isso pra dizer que acho importante demais que ela esteja conosco nessa, que ela seja a extensão à deriva dessa Medeia poderosa, machucada e revolucionária de Bete Coelho e Consuelo de Castro. O como aconteceu, foi que Fábio e eu pensávamos numa voz feminina que pudesse engolir essa canção, Bete sempre dizia: “precisa vir rasgando…” foi natural pensar nela, mas confesso que, ainda assim, ela nos surpreendeu com a força da fissura.