Stela Campos por Silvia Costanti

Chamada de “Billie Holiday de garagem” por Chico Science, Stela Campos é uma pioneira e referência entre as cantoras e compositoras da cena indie nacional. Mas só agora, ela lança seu primeiro álbum com um título homônimo.

É também o primeiro trabalho em que assina praticamente sozinha todas as canções, salvo algumas letras onde mantém a parceria com Luciano Buarque. Stela faz show do disco na íntegra com a banda original na Casa do mancha na sexta (10).

Stela Campos foi composto em meio aos shows promocionais do prévio Dumbo (2013), uma coleção de sobras em inglês, excluídas de outros discos tão somente por uma questão idiomática.

A banda é a mesma dos shows de “Dumbo”: Clayton Martin (Cidadão Instigado) na guitarra, Diogo Valentino (Supercordas) no baixo, Monstro (Lulina; artista solo) nos teclados e Felipe Maia (Marrero) na bateria.

Stela também toca violão e guitarra. A produção ficou por conta do trio Clayton, Stela e Monstro. Clayton ficou responsável ainda pela mixagem e masterização, exceto nas faixas Take Your Time e Long produzidas e mixadas junto com Diogo Valentino.

Leia entrevista com a icônica camaleoa do indie BR, a paulistana do mangue.

O que está rolando de mais interessante na música atual na sua opinião?
Stela Campos  – Sempre tem muita coisa legal acontecendo, mas acho importante destacar artistas que não estão só copiando fórmulas que deram certo no passado. Citações são divertidas, mas é preciso ter voz distintiva, uma inclinação pela vanguarda. No cenário local sou meio suspeita para falar, pois gosto de todos os artistas que colaboram ou já colaboraram comigo (Monstro, Lulina, Supercordas, Cidadão Instigado, todo o mangue beat e descendentes). Gosto do Rakta também.

Qual acredita que tenha sido a maior contribuição do movimento mangue?
Stela – Acho que o mangue foi uma segunda tropicália, no sentido de que uma geração pôde se reconectar com raízes da música brasileira há tempos esquecidas e ao mesmo tempo estar no radar do pop contemporâneo, em um âmbito global. Localmente também foi muito expressivo, depois do mangue Pernambuco passou a ser uma Meca de novidades. Tive a sorte de viver uma época muito fértil da música do Recife.

Como era Chico Sciente no trato pessoal? Do que mais sente falta dele?
Stela  – Chico Science era gentil, curioso, engraçado; uma alma muito doce. Também era muito focado e aberto para novidades. Quando entrava no palco era um gigante, realmente impressionante – fiquei arrepiada quando vi a Nação Zumbi pela primeira vez, ainda fico. Sinto falta do artista, mas no sentido pessoal, o que me dá saudades é do cara gente boa que um dia apareceu em casa com uma corda de caranguejos para cozinhar e conversar sobre música, cinema e literatura.

O que te leva a fazer uma música nova? Como é seu processo de composição?
Stela – Desde adolescente eu tenho essa inclinação para compor minhas próprias músicas. Eu tive professores de violão, piano, harmonia, canto…. Eles me passavam exercícios, teoria, mas eu ficava entediada e começava a arranhar minhas próprias melodias. Nunca me tornei uma boa instrumentista por conta dessa rebeldia, mas criei o hábito de compor, que foi amadurecendo. Gosto de criar arranjos e texturas e usar o que sei dos instrumentos para colocar minhas ideias em prática e também para passá-las para os músicos que tocam comigo. Para mim, não existe bem um processo. Vou vocalizando em cima de acordes e geralmente gravo com a tecnologia que estiver ao meu alcance.

Quais são seus valores essenciais?
Stela – Fazer músicas que tenham boas melodias e que sejam importantes para as pessoas, assim como as de outros artistas foram e são para mim.

SERVIÇO

Stela Campos na Casa do Mancha

Rua Felipe de Alcaçova, 89 – Pinheiros, São Paulo – SP

Sexta, 10 de agosto de 2018

A partir das 21 horas

Entrada: R$ 20

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Créditos: Caroline Lima

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'O mangue foi uma segunda tropicália', diz Stela Campos