Rashid, um dos nomes mais interessantes do rap nacional atual e que está na estrada há cerca de 10 anos, acaba de lançar o seu primeiro livro autoral, Ideias que Rimam Mais que Palavras – Vol. 1. O produto literário é um diário de bordo que relata a trajetória do rapper paulistano; desde que começou aos 12 anos de idade até chegar ao artista reconhecido de rimas afiadas que é hoje.
“Escrever um livro é mais delicado que criar uma rima. As pessoas vão olhar diferente, tem um peso”, diz Rashid em exclusiva ao Virgula. “A literatura é uma companheira antiga e lançar um livro é um sonho antigo também. Mas eu estava esperando um bom momento para tentar realizar isso”, conta ele sobre a obra lançada pela Editora Foco na Missão.
Confira a conversa abaixo:
Virgula: Como você define Ideias que Rimam Mais que Palavras – Vol. 1 ?
Rashid: Esse livro tem uma grande bagagem sentimental, talvez até maior que a bagagem artística ali, porque ele lida com as histórias e os causos que me levaram a escrever determinadas músicas, sobre o que despertou aquela emoção. Eu queria estreitar o laço entre o meu público e o Rashid humano, sem o uniforme do herói. Mostrar que não existe nada de tão “mágico” na inspiração. O que existe é o esforço, a transpiração e uma sensibilidade para enxergar poesia no cotidiano. Numa briga de casal, numa ida ao cinema, numa conversa fiada… Tá tudo ali.
Qual escritor e obra lhe inspirou?
Tenho uma grande lista de pessoas que me inspiram. Desde a minha mãe, que tem uma figura de heroína na minha mente por tudo que fez, a escritores clássicos e de literatura marginal. Artistas multi-tarefas também me inspiram, como Caetano, Jay-Z e meu amigo de longa data, Emicida. Mas nesse caso, a pessoa que me despertou para a possibilidade de lançar meu livro (não só escrever, mas conseguir colocá-lo na rua) foi o Renan Inquérito, que além de um dos grandes letristas do rap brasileiro, tem dois livros lançados.
O que é mais difícil: escrever um parágrafo de um livro ou criar uma rima?
Boa! (risos). Acho que escrever um livro é mais delicado, as pessoas vão olhar diferente, tem um peso. Mas talvez eu pense isso porque escrevo rimas desde os meus 12 anos, então é um processo natural pra mim. Não preciso forçar muito. Já no livro, houve vezes em que passei horas escrevendo e apagando os mesmos parágrafos.
Capa de ‘Ideias que Rimam Mais que Palavras – Vol. 1′
Qual foi a maior dificuldade que você encontrou ao escrevê-lo?
A maior dificuldade foi encontrar um equilíbrio entre a profundidade que as explicações das letras pediam e uma linguagem leve, afinal este livro seria a entrada de vários adolescentes no mundo da leitura. Não poderia ser algo pesado, mas também não poderia ser raso. Encontrar este ponto de equilíbrio foi um desafio.
Qual é a sua próxima empreitada? O próximo sonho a ser buscado?
As pessoas me perguntam do DVD, que é uma ideia que considero bastante. Tenho vontade também de entrar no mundo dos documentários. Vamos ver. Acho que ainda tenho muito pra fazer com o livro e com os álbuns. Colocar este livro na rua foi um grande passo na minha carreira, e é impressionante chegar em uma comunidade onde eu nunca fui e a primeira coisa que me perguntam é sobre o livro. Em pouco mais de uma semana de lançamento isso aconteceu. Acho que é um ótimo sinal.