BNegão em foto de Ândrea Possamai

BNegão  prepara uma releitura de Dorival Caymmi em shows nos dias 28 e 29 de abril no Sesc Pompeia. Desenvolvido inicialmente como trilha-sonora para um espetáculo teatral de uma companhia russa, Canções Praieiras compôs um marco fundamental da música brasileira: o primeiro disco gravado/registrado pelo, então, iniciante e semi-desconhecido Dorival Caymmi.

Força, violência e beleza. O mar, o vento, Iemanjá. Vida e morte. Os jangadeiros. Os pescadores. Um universo singular que nos foi apresentado de forma absolutamente fantástica por essa entidade máxima dos sons produzidos em nosso país.

Impactado de forma decisiva pela audição desta obra (não de Canções Praieiras, de 1954, mas de Caymmi e Seu Violão, de 1959), BNegão agora tem a chance de se voltar para este repertório.

Mas BNegão já flerta com o formato canção há tempos. Em seus discos e shows, ele costuma – despretensiosamente – sair do papel de MC em alguma faixa. Um exemplo é a gafieira fumegante No Amanhecer.

“Até hoje me lembro da sensação completamente sem precedentes que senti quando a música daquele disco começou a sair pelas minhas caixas de som. Foi uma situação pela qual eu realmente nunca havia passado, de forma tão profunda, botando um simples vinil na vitrola”, afirma BNegão.

“O disco era ‘Caymmi e Seu Violão’, que eu, inocentemente, e completamente sem bula, adquiri num sebo qualquer do centro da cidade, muito barato, sem nenhuma indicação. Achei que seria um disco de voz e violão ‘padrão’, calmo, leve, brejeiro, daqueles pra ouvir no pôr do sol, deitado na rede e tomando água de coco, tudo que eu já tinha ouvido falar sobre Dorival Caymmi, me conduzia a essa visão estereotipada, a essa ideia”, apontou.

” Com esse pensamento em mente, deitei no chão do meu quarto, com as luzes apagadas, pra curtir a experiência. Ocorre é que quando a agulha singrou pelos sulcos daquele velho vinil, o que aconteceu foi como se eu tivesse sido jogado em uma jangada, em pleno mar aberto, à deriva, tentando sobreviver e me manter inteiro, até o final daquilo tudo”, completou.

Nascido e criado e Santa Teresa (no centro boêmio do Rio de Janeiro), BNegão ficou conhecido com o Planet Hemp e depois com os Seletores de Frequência.

Agora junto com o violonista Bernardo Bosisio (que já acompanhou nomes como Paulo Moura, Márcio Montarroyos, Ed Motta e Virgínia Rodrigues, entre outros), ele traz para o palco do teatro do Sesc Pompeia, essa aventura (a sua primeira nesse formato): BNegão canta Dorival Caymmi. Voz e violão, apenas.

Entre O Mar, A Lenda do Abaeté, É Doce Morrer no Mar, Noite de Temporal, O Vento e Promessa de Pescador, o espetáculo minimalista conta com todas as canções do universo de Dorival Caymmi, inspiradas nesse encontro dos jangadeiros com o mar e seus mistérios.

SERVIÇO

BNegão canta Dorival Caymmi
28 e 29 de abril de 2018
Sábado – 21h
Domingo – 18h
Sesc Pompeia – Teatro
Rua Clélia 93 – Pompeia – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 3871-7700

Ingressos:
R$ 9,00 (associados Sesc)
R$ 15,00 (meia entrada)
R$ 30,00 (inteira)

Venda física:
em todas as unidades do Sesc a partir de 18/04

Venda online:
a partir de 17/04 no portal do Sesc


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'Foi como ir ao mar aberto de jangada', diz BNegão sobre Caymmi