Nesta noite de quarta, 14, o glamouroso hotel Belmond Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, serviu de palco para o tapete vermelho do lançamento da nova série da Netflix, O Mecanismo, que estreia nesta sexta, 23. Ao mesmo tempo e não muito longe dali, no bairro do Estácio, a vereadora Marielle Franco, do PSOL, era assassinada friamente a tiros. A truculenta notícia pegou todos de surpresa na madrugada e não deixou de ser pauta na coletiva de imprensa realizada com o elenco na manhã seguinte, dia 15.
“Isso foi uma tragédia”, lamenta José Padilha, diretor da série conhecido por seus trabalhos em Tropa de Elite, Robocop e Narcos. “A polícia mata um número absurdo de pessoas todos os anos no Brasil. E isso acontece há muito tempo, desde a chacina da Candelária. Entra partido e sai partido, pode ser o PT ou PMDB, a situação da segurança pública continua a mesma. Não muda”, diz ele.
O ator Enrique Díaz foi outro que não se aguentou e manifestou sobre o ocorrido. No meio de uma resposta sobre a série, ele parou a fala para relembrar Marielle: “Não consigo me afastar disso, preciso interromper. Ela foi executada. Isso tem a ver com as escolhas que a gente faz sobre lutar por um lugar melhor e um país mais justo para se viver. Eu não podia passar por hoje sem falar sobre isso”.
Jonathan Haagensen, ator nascido na comunidade do Vidigal, também deu o parecer sobre o caso: “Isso que aconteceu com Marielle acontece todos os dias nas favelas de todo o Brasil. Nós só ficamos sabendo porque ela era uma pessoa pública, conhecida. Essa violência silenciosa mata todos os dias na periferia e atinge principalmente as mulheres negras”.
O Mecanismo retrata a Operação Lava Jato em oito episódios, procurando mostrar detalhadamente como aconteceu o maior escândalo de corrupção já visto no Brasil. Selton Mello, um dos personagens principais, também esteve na coletiva. “É uma história relevante, com personagens fascinantes”, diz o ator que vem flertando em trabalhar junto com Padilha desde o filme Tropa de Elite 2.
Na trama, Selton interpreta Marco Ruffo, um delegado aposentado da Polícia Federal obcecado pelo caso que está investigando. “Meu personagem tem dois lados: o de um delegado que luta contra um sistema, contra ‘o mecanismo’, e quer tentar resolver aquilo a qualquer custo. E tem o lado cidadão, comovente, que é onde o público se identifica”, adianta.
Mais informações sobre O Mecanismo podem ser encontradas em www.netflix.com/br/