David Tesinsky conseguiu um trabalho que lhe rendeu algum dinheiro e correu para comprar uma passagem de avião direto para a Etiópia. O fotógrafo da República Checa tinha uma missão em mente: registrar os rituais de exorcismo que acontecem por lá.
“Quando vi, estava em Addis Abeba. As pessoas não foram realmente excelentes no começo, quase fui roubado em uma área de favelas, onde eu deveria ficar durante a noite, mas, no final, aconteceu apenas uma grande luta sangrenta entre outros dois caras. No entanto, encontrar os rituais de exorcismo me fez acordar muitos dias entre às 4h e 5h da manhã e visitar igrejas na esperança de encontrar alguém que estivesse ‘possuído’ e que me permitisse fotografar o processo”, escreveu.
Demorou cerca de duas semanas para David encontrar um lugar, não muito longe de Addis Ababa, onde os rituais aconteciam. No dia em que esteve lá, mais de 150 pessoas esperavam sua vez para serem atendidas pelo religioso Memehir.
“As pessoas estavam chorando e gritando. Memehir os ungia e a questão que me vinha era se aquelas pessoas se sentiam melhor com aquilo, baseadas na sua fé. Memehir foi expulso de todas as igrejas, porque ganhava mais dinheiro do que a igreja por si só. Durante todo o processo, ele pedia dinheiro. Uma mulher mais velha lhe deu uma nota de 100. Ele seguia querendo mais, mesmo sabendo que, provavelmente, aquilo era tudo o que ela devia ganhar em um mês”, afirmou.
David Tesinsky é fotógrafo e documentarista independente, que gosta de contar as histórias populares das subculturas. Ele diz que procura “encontrar uma visão controversa, única, especial ou apenas alguma forma profunda sobre os tópicos sociais habituais ou incomuns”. Ele já fez séries fotográficas sobre o movimento dos jovens revolucionários no Irã, sobre as lendas vivas da música Reggae e a cultura dos rastafáris na Jamaica, entre muitos outros.