Guilherme Goulart, editor de Cidades do jornal Correio Braziliense, se desculpou após publicar uma crônica onde, de forma machista, destaca o físico de uma estagiária de 19 anos, chamada de Melissinha no texto, e naturaliza o assédio sofrido pela profissional na redação do jornal.
Agora, Goulart publicou uma retratação dizendo que Melissinha é, na verdade, uma personagem que ele teria criado para alertar os leitores sobre o assédio diário sofrido por mulheres em redações. “Criei uma personagem para mostrar que o problema do assédio às mulheres continua sendo uma realidade apavorante e assustadora”, afirmou ele.
O primeiro texto, que você pode ler ao final da matéria, viralizou nas redes sociais e se tornou alvo de movimentos e profissionais que repudiam o ambiente desrespeitoso e hostil ao qual mulheres jornalistas são submetidas em seus locais de trabalho todos os dias.
As Jornalistas Contra o Assédio escreveram: “Não vamos compartilhar um único trecho deste texto porque ele todo fala por si.
Fala pelo que a mulher ainda enfrenta dentro de uma redação. Fala pelo machismo que objetifica, reduz e faz adoecer. Fala por tudo aquilo que mostra que, sim, ainda há muito a ser feito e não, não vamos nos calar. Às colegas jornalistas do Correio Braziliense, nossa solidariedade. É emblemático que uma perversidade destas seja publicada por um editor em um dos periódicos mais tradicionais de Brasília — cidade onde o assédio ainda é tão presente nas relações com as fontes. É emblemático também que uma das primeiras pesquisas sobre assédio em redações brasileiras tenha sido conduzida pelo Sindicato dos Jornalistas do DF, segundo a qual quase 80% das jornalistas sofrem assédio moral no ambiente de trabalho. Pelo jeito, e a redação do Correio parece exemplificar isso, o campo a ser pesquisado é bem amplo”.