Laura Cardoso é um ícone da dramaturgia. Aos 89 anos, sendo 70 de carreira, a atriz já contabilizou mais de 80 produções na televisão e quase 3o atuações no cinema. São 50 novelas e o título de uma das melhores atrizes já vistas no Brasil garantido para a eternidade.
Em tanto tempo atuando no meio artístico, o machismo foi uma constante, o que lhe garantiu uma lucidez sobre o feminismo que muitos de 20 e poucos anos não possuem. “É a luta da mulher pela sua liberdade, pela sua vida, pelo que ela quer, sonha. O feminismo é uma luta que tem que ser apoiada, registrada. Já foi muito ruim para a mulher, ela era posta de lado em todos os sentidos. O feminismo é uma luta que vale a pena e deve prosseguir. Já se conquistou muita coisa, mas acho que ainda falta dar mais crédito, respeito de verdade à mulher”, disse ela, em entrevista à Veja.
Se declarando parte do movimento “desde menina”, Cardoso não hesita em opinar nos assuntos mais espinhosos, como o caso de assédio sexual cometido por José Mayer contra uma figurinista. Ela classifica o ato como “infeliz” e a justificativa como “desculpas esfarrapadas”. “Estou do lado das colegas, ‘mexeu com uma, mexeu com todas’. E ponto final”, decretou.
Se engana quem pensa que Laura só embarcou nessa agora. Ela participou da onda feminista dos anos 1960 e sempre esteve na ala da classe artística que entendia a necessidade do levante de bandeiras como essa. “A gente lutou e brigou porque queria esses direitos que a mulher deveria ter e que lhes foram negados durante muito tempo. O feminismo é necessário”, garantiu.
Laura, com vasto intelecto e experiência, defende que temas como violência sexual e pautas feministas sejam defendidas desde os primeiros estágios das escolas, para, assim entrarem no ambiente familiar. “Só assim temos chances de diminuir os casos”.