A diretora e arte-educadora Heloísa Cardoso, de 25 anos, acusou um famoso dramaturgo paulista de ter mantido um relacionamento abusivo com ela durante seis anos. A revelação foi feita pela própria Heloísa através da página Contra o Machismo nas Artes, em vídeo que você pode ver acima.
Ela não quis dizer o nome da pessoa, mas, ao Virgula, uma fonte próxima da vítima que não quis se identificar disse se tratar de Cássio Pires.
Cássio obtém o título de mestre em Artes pela Universidade de São Paulo (USP) desde 2005. Ele é diretor artístico da Filme Bê e autor de obras famosas, como Ifigênia, A Carne Exausta e Mais Um.
Há outras vítimas que relataram terem sido abusadas pelo mesmo homem.
Segundo Heloísa, a relação começou ainda em 2009, quando ela tinha apenas 17 anos e era paquerada pelo professor, ao que correspondia. O caso se oficializou dois anos depois, quando o dramaturgo teria revelado que era casado, mas estava em um relacionamento aberto. “Passamos mais um ano juntos, e durante esse ano minha autoestima foi destroçada. Ele me dava esperanças de que iria se separar da outra mulher para me assumir, mas isso nunca acontecia, e eu era cada vez mais negligenciada. Foi quando decidi terminar, no final de 2012”, relata ela.
Heloísa disse ter começado a tomar remédios controlados por depressão, chegando até a tentar se matar por overdose após ouvir palavras grosseiras por parte do dramaturgo. “Ele me xingou, disse que não me respeitava e se isentou de todas as responsabilidades pelo término, jogou tudo em cima de mim. Como ele era o meu maior parâmetro, tanto afetivo quanto profissional, eu levei tudo a sério e me senti muito culpada. Esse sentimento de culpa me bloqueou, todas as pequenas relações que tive depois foram super conturbadas e fiquei com a sensação de que estraguei tudo com a única pessoa capaz de me amar”, afirmou.
No ano passado, o diretor, de acordo com Heloísa, fingiu estar com uma grave doença cardíaca e estomacal, que teria descoberto, posteriormente, que o problema não tinha cura. “Ele me enviou uma mensagem de despedida que pareceu muito suicida, principalmente considerando o desequilíbrio dele nos últimos dias. Tentei ligar e o celular dele já estava desligado”, contou em outro trecho.
No fim, a diretora disse ter descoberto que ele inventou a doença e estava com a esposa de férias quando ela descobriu. “Ele não me bateu. Mas durante 6 anos ele abusou de poder, fez mal uso do discurso libertário sobre o amor, destruiu minha autoestima, me culpabilizou, tirou vantagem da minha dependência emocional, fez terror psicológico, foi irresponsável, mentiu, manipulou e tentou destruir minha sanidade mental. Isso também é abuso”, descreveu ela, que disse ter aberto um processo contra o dramaturgo.
Procurado através da Filme Bê, Cássio Pires não retornou contato até o momento da publicação desta reportagem.