O estudante Mateus Ferreira da Silva, agredido por um capitão do Polícia Militar durante um protesto como parte da greve geral em Goiânia, na sexta-feira (28), é de São Paulo e cursa sua segunda faculdade. Segundo a família, ele é formado em ciências da computação e trabalha desde os 14 anos.
As informações são do G1. De acordo com os parentes, Mateus tinha um emprego estável como analista de tecnologia da informação na capital paulista, e largou tudo quando passou no vestibular para o curso de ciências sociais na Universidade Federal de Goiás. “Ele é um menino determinado, muito focado, nosso orgulho. Sempre foi bom aluno. Ele ganhava bem como analista de Tecnologia da Informação em uma empresa, mas abriu mão de tudo quando passou na prova para ciências sociais, se reestruturou financeiramente e se mudou para Goiânia”, afirmou ao site Heloísa Ferreira da Silva, de 28 anos, que é irmã do rapaz.
Chamado de “vagabundo” nas redes sociais por estar na manifestação, Mateus foi para a cidade onde está hoje em 2016, trabalhando de dia e estudando de noite para pagar as contas. Até que passou no exame para ser monitor de ciências políticas e começou a se dedicar integralmente aos estudos.
“A gente nunca espera que vá acontecer algo assim com quem a gente ama. A nossa prioridade agora é a recuperação dele. Ele passou por uma cirurgia de reconstrução facial e foi um sucesso. Mas agora ele apresenta um quadro de pneumonia e insuficiência renal. Os médicos estão fazendo as intervenções necessárias”, garantiu Heloísa.
“Vaquinha” para ajudar a custear recuperação
Nas redes sociais, amigos e colegas de Mateus propuseram um financiamento coletivo para custear os gastos médicos e com sua recuperação. Wanessa Oliveira e Mariana Falone comandam o movimento. A campanha diz que a família necessita de doações para pagar estadia em Goiânia, já que alguns parentes são de São Paulo e outros do Rio.
Boletim médico mostrou melhora
Em informe divulgado nesta terça-feira (2), o Hospital de Urgências de Goiânia atestou evolução no quadro de Mateus, dizendo que ele não corre mais risco de vida. “O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) informa que Mateus Ferreira da Silva, nascido em 6 de abril de 1984, está evoluindo com melhora clínica estável na parte respiratória e com pressão normal. Hoje, 2 de maio, foi feita a suspensão da sedação para avaliação neurológica e início do processo de retirada da ventilação mecânica. Não há programação para sessão de hemodiálise para essa terça-feira. Os resultados dos exames de sangue realizados no dia 2 de maio estão normais. Não há previsão para novos procedimentos cirúrgicos. Neste momento, paciente encontra-se em estado estável, porém ainda grave, entubado e permanece internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mateus Ferreira não corre risco de morte. Paciente deu entrada no Hugo dia 28 de abril e foi submetido a uma única cirurgia no último sábado, 29 de abril, com as equipes da Neurocirurgia e Maxilofacial”, diz o boletim.
Entenda o caso
Mateus Ferreira da Silva foi atingido por um golpe de cassetete por parte de um policial militar durante confusão em ato que fez parte da greve geral, convocada para a última sexta-feira (28) contra as reformas trabalhista e da previdência. Imagens de amadores mostram o PM quebrando o bastão, que é feito de madeira, na testa do estudante.
Ele estava com o rosto parcialmente coberto, mas as diversas câmeras que acompanhavam o momento do conflito não identificaram qualquer ato de vandalismo ou violência por parte dele. Em nota, o comando da corporação disse que “condena veementemente todo e qualquer tipo agressão praticada por policias militares no exercício de sua função, não compactuando com atos que possam afrontar os princípios da ética, moral e legalidade.”
Quem é o policial?
Segundo informações obtidas pelo site Ponte, Augusto Sampaio de Oliveira Neto é subcomandante da 37° Companhia Independente da Polícia Militar, em Goiânia, e recebeu do governo de Goiás as medalhas do Mérito Policial Militar e da Ordem do Mérito Tiradentes, como consta no Diário Oficial, nos dias 5 de setembro de 2016 e 27 de julho de 2016, respectivamente. As honrarias se devem pelo “desempenho de suas funções, prestar relevantes serviços visando à preservação da ordem pública.” Ele foi afastado.