A memória pode falhar durante a gravidez

Pexels A memória pode falhar durante a gravidez

É uma queixa muito comum nos consultórios de ginecologistas, mas ainda assim muitas grávidas não fazem ideia de que isso pode acontecer de verdade: a gestação altera memória e concentração da mulher, seja você uma pessoa esquecida ou não.

Segundo a especialista Dra. Carolina Rossoni, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, alguns levantamentos têm mostrado que a gestação de fato altera a memória da mulher no período. “A gestação altera a memória da mulher nesse período devido a alterações hormonais, privação do sono ou o estresse de lidar com uma grande mudança. O aumento da taxa desse hormônio também pode mexer com a área responsável pela atenção. A progesterona ainda é responsável pela oscilação hormonal e irritabilidade nessa fase da vida”, afirmou em entrevista exclusiva ao Virgula.

“A alteração da memória e da concentração é uma queixa comum nos consultórios, mas não conseguimos ter a estatística de quantas gestantes passam por essas mudanças, já que muitas tem vergonha de conversar sobre esse  assunto com médico pré-natalista. Também não existe nenhuma associação com piora da memória em pacientes que já tinham esse problema. A perda de memória irá afetar a maior parte das gestantes em diferentes intensidades, independente da status anterior a esse período”, relatou a Dra. Rossoni.

A gravidez pode trazer esquecimentos e problemas de atenção

Pexels A gravidez pode trazer esquecimentos e problemas de atenção

Isso aconteceu com a fisioterapeuta Sylvia Guimarães, 35 anos, quando estava esperando sua primeira filha, que atualmente tem um ano de vida. “Eu confiava muito na minha memória. Eram rara as situações que eu precisava usar anotações como lembretes. Sempre fui muito observadora e detalhista, mas nem isso me ajudou nesse período”, contou.

“Pude ver que meus “gigas de memória” se esgotaram nas minhas idas ao supermercado. Eu nunca precisava escrever uma lista de compras. Simplesmente fazia um levantamento em casa do que estava faltando. Repetia mentalmente os itens e ia às compras. Eu tinha orgulho disso! Meu marido sempre fazia uma lista no celular e, eu, muito da orgulhosa, até menosprezava a atitude dele. Até que…engravidei! Tive que engolir o orgulho e fazer a boa e velha listinha e ainda assim esquecia alguma coisa”, relatou.

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A estudante de Direito Loraine Mozelli, 25 anos, está grávida e começou a perceber a falta de memória antes mesmo de saber que estava esperando um bebê. “Descobri que estou grávida na 4ª semana de gestação, época que coincidiu justamente com minha terceira semana de provas na faculdade. Na época, o quarto ano do curso de direito. Como é de comum conceito: a faculdade de direito exige muita leitura e muito conhecimento de leis, o que muitas vezes envolve a famosa “decoreba”, meu terceiro bimestre foi o pior de toda a faculdade, porque eu não conseguia lembrar de coisas basais, conceitos comuns, e até nome de professores. Vivia chamando eles de “mãe” “amor” “Ariane” (nome da minha irmã mais velha). Confundia tudo!”, relembrou.

Há até quem diga que o cérebro diminui durante a gravidez, mas a ginecologista afirma que não passar de um mito. Essa afirmação ocorre por causa dos lapsos de memória e da falta de concentração. A gestante está focada em outro universo na gravidez e, após o parto, nas necessidades do recém-nascido. Com isso, elas ficam menos focadas em outras atividades.

Grávida

Pexels Gravidez pode gerar esquecimentos

Mas, doutora, e a memória volta ao ‘normal’ depois? “O déficit de memória melhora após a gravidez e vai melhorando gradativamente durante a amamentação, se restabelecendo após o término dela, devido a diminuição da progesterona. Porém, esse vai ser o período mais importante na vida do bebê, por isso, não devemos privar ele da amamentação exclusiva e  de livre demanda em  detrimento de alguns incômodos”, aconselhou.

E vale ressaltar, não há um “limite” para esse esquecimento ser normal. “Não existe como quantificar esse limite, mas as vezes, esse déficit vai fazer com as mulheres demandem mais tempo em realizar tarefas do dia a dia”, confirmou a médica. Portanto, se tiver dúvidas ou tiver preocupada com sua falta de atenção, memória ou qualquer outro ponto da gravidez, procure sempre o seu/sua ginecologista e obstetra.

Ah, e se você está se perguntando como fazer para sobreviver a essa fase de esquecimentos, Fernanda Maia, secretária e mãe de uma bebê de 7 meses, dá uma dica preciosa: “o que me ajudou muito foi usar um caderninho, que eu consultava diariamente para ver anotações com listas de tarefas.  Porque quando eu anotava em um papel, também esquecia o papel em algum lugar”.


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Perda de memória na gestação é real, mas é mito que cérebro diminui; entenda