Hang the DJ!, já bradava Morrissey nos anos 80 na letra de Panic, um dos clássicos dos Smiths. Mas isso não era nada perto das agressivas declarações polêmicas que o cantor dispararia nos anos seguintes. Sem falar nas bizarrices e manias do astro. Mas ele também lançou modas e surpreendentes tendências. O fato é que, reunindo tudo isso, Morrissey segue firme e forte como um dos ídolos mais peculiares do mundo musical.
E agora ele está entre nós. Pela terceira vez Morrissey desembarca no Brasil (as outras foram em 2000 e 2012; em 2013 sua turnê por aqui foi cancelada devido a problemas de saúde do cantor), e portanto o momento é ideal para celebrarmos todas as esquisitices do bardo inglês que continua referência para tanta gente. Vamos a elas!
Modas
O cantor foi ícone absoluto nos anos 80. Na contramão de líderes do rock da época como Bono Vox e Bruce Springsteen, Morrissey popularizou a imagem frágil de garoto sensível e deprê.
Conseguiu lançar moda com óculos de grau, aparelho de surdez e seu indefectível topete. E chegou ao cúmulo de estrelar um clipe dos Smiths, Stop Me If You Think That You’ve Heard This One Before, contracenando com um exército de adolescentes clones dele mesmo.
Outra moda: carregar ramalhetes de flores nos bolsos das calças durante os shows nos anos 80 – flores que ele despedaçava e/ou atirava para a plateia. Essa atitude foi copiada por alguns astros da música, incluindo nosso Renato Russo à frente da Legião Urbana.
Manias
Nos anos 80, o cantor declarou que não gostava de luxo e que preferia “morar numa caixa de sapatos” do que numa mansão, novamente indo na contramão dos roqueiros ostentação da época.
Além disso, sua feroz adesão ao vegetarianismo o leva a proibir a venda de alimentos contendo carne ou produtos de origem animal durante seus shows. Ele chegou a cancelar shows na Islândia em fevereiro deste ano porque essa regra não seria seguida pelo local das apresentações. O cantor declarou: “Eu amo a Islândia e eu esperei muito tempo para voltar, mas vou deixar a Harpa Concert Hall com seus cabalísticos comedores de carne com sede de sangue!”
Em 2009, o cantor abandonou o palco do Coachella Festival porque sentiu cheiro de carne sendo cozida nas lanchonetes do evento. E disse: “O cheiro de animais queimados está me deixando enojado. Eu posso sentir o cheiro de carne queimando… E eu peço a Deus que seja humana!”
O cantor também tem o hábito de “banir” certas pessoas de seus shows. Funciona assim: as pessoas que o criticaram publicamente (na internet e nas redes sociais) ficam impedidas de irem a seus shows. A proibição é vitalícia, ou seja, a pessoa não pode ir a shows de Morrissey até morrer…
Posturas Excêntricas
Morrissey sempre se declarou “assexuado”, contrariando fofocas de que seria gay ou bissexual. Porém, nos últimos tempos ele tem se definido como “humansexual”, ou seja, interessado em “seres humanos”.
O cantor já “posou nu”. Foi na capa do single I’m Throwing My Arms Around Paris, em 2009, onde ele surge pelado ao lado dos outros integrantes da banda – todos com compactos de vinil escondendo as partes íntimas. A mesma imagem de Morrissey nu foi usada para estampar uma camiseta onde o cantor inglês está tapando a boca da Rainha da Inglaterra – ele é eterno inimigo da monarquia britânica.
Não toca Smiths. Raramente Morrissey canta hits de sua ex-banda nos shows. A muito custo ele entrega uma ou duas faixas do grupo, sempre no final das apresentações.
Falando em Smiths: Morrissey era o responsável por criar as capas dos compactos e LPs da banda nos anos 80. E sempre escolhia para estampar as capas imagens de seus ídolos particulares – figuras geralmente underground e quase esquecidas pelo universo pop, como o escritor Truman Capote (capa do single de The Boy With the Thorn in His Side), o ator Joe Dalessandro (capa do 1º álbum da banda), o ator francês Jean Marais (capa do single de This Charming Man), a transexual Candy Darling (single Sheila Take a Bow), o ator Alain Delon (LP The Queen is Dead)…
Agressões
O divertimento principal do cantor é detonar seus inimigos e as celebridades que despreza. O alvo preferido é a família real inglesa. Nos anos 80 Morrissey já criticava Lady Di, a quem chamava de “inútil”, e que “jamais balbuciou qualquer coisa que fosse de utilidade a algum membro da raça humana”. Atualmente ele detona o casal Kate Middleton-Príncipe William, assim como o Príncipe Harry – Morrissey já fez sua banda vestir camisetas com os dizeres “Nós odiamos William e Kate”, e criticou a vinda de Harry ao Brasil em 2012, dizendo que o monarca queria “tomar o dinheiro” dos brasileiros.
Sobre atentados contra figuras do poder inglês, o astro disse: “Eu gostaria que o Príncipe Charles tivesse sido baleado. Acho que faria o mundo um lugar muito mais interessante”. E em 1984, o cantor lamentou que a então primeira-ministra da Inglaterra, Margaret Thatcher, não tenha morrido em um atentado.
Também nos anos 80 criticou Madonna, a quem acusou de trabalhar com “prostituição organizada”. Noutra ocasião, criticou Madonna, Elton John e George Michael, dizendo que as letras de suas músicas não têm sentido nenhum e que eles só se interessam pela fama.
Mais: Morrissey chamou Lady Gaga de “novidade nenhuma”, se referiu a Madonna como “McDonna” e disse que Michael Bublé é “famoso e sem sentido”.
Por fim, o cantor detonou Beyoncé, dizendo: “Os rinocerontes estão agora mais ou menos extintos, e não é por causa do aquecimento global ou do encolhimento dos seus habitats, é por causa das bolsas da Beyoncé”.
Enfim, por essas e outras… bem-vindo ao Brasil, Morrissey!