É um pouco triste constatar que talvez o mundo de 2015 não seja para o Faith No More. E que a grande jogada dos caras foi ter se ausentado por tempo suficiente para que sentíssemos sua falta. Na quinta (24), no primeiro show da turnê Sol Invictus no Brasil, no Espaço das Américas, que eles também mostram no Rock in Rio, nesta sexta, a banda de San Francisco apostou no repertório novo e não quis saber de tocar só hits.
Imaculados, de branco, como vêm fazendo nos shows da turnê, os cinquentões celebraram a música e se aproximaram do rock experimental do Mr. Bungle, um dos muitos projetos de Mike Patton, um dos poucos caras que ainda vale a pena idolatrar hoje em dia. O baixo de Bill Gould, a batera de Mike Bordin, e os teclados de Roddy Bottum, com os mesmos timbres e intensidade de antes e de sempre, jogaram o público para o final dos anos 80, quando fundir metal e rap passou a ser um fetiche. Em alguns anos a partir desta época, muitas bandas estariam copiando o Faith No More, inclusive no Brasil.
Patton, pra completar, fala um pouco de português, especialmente palavrões como porra e caralho, que aprendeu nos anos de convivência com os caras do Sepultura. Graças a eles também que Mike é palmeirense.
Diante da torrente da memória afetiva de quem viu o show em 91 no Rock in Rio e depois no Olympia, no mesmo ano, bateu uma saudade cruel como esse calor que anda fazendo. Nessa vibe noventista, senti falta do clássico guitarrista Jim Martin, atualmente substituído por Jon Hudson, na banda desde 1996.
Saca só esse vídeo e talvez você entenda melhor o que eu tô falando:
Talvez agora eu saiba como que se sentem aqueles tiozões que vão em shows de rock clássico e ficam chorando pelos cantos. O Faith No More, no entanto,embora soe retrô em alguns momentos, não é saudosista. Ainda hoje, garotos e garotas meio freaks, de qualquer lugar, continuam querendo ser como o Mike Patton. E eles não estão nem aí pra que o resto do mundo acha.