Às vezes é preciso de tempo para se encontrar. E, parece que foi bem isso que rolou com o NX Zero. A banda paulistana, que tem quase 15 anos de estrada e um dia já carregou o rótulo emo imposto pela mídia, chega mais madura e lança Norte, o novo álbum que aponta um direcionamento musical diferente de tudo o que já fizeram no passado.
No disco, aquela urgência juvenil foi trocada pela qualidade que pode ser encontrada nos timbres de guitarras e nos arranjos vocais. A boa vibe que envolve as canções é outro detalhe desse amadurecimento. “Essa vibe representa a nossa fase. A gente estava numa mesmice, por culpa nossa mesmo, que estava frustrando a gente artisticamente em algumas questões, e para essa mudança tivemos que tomar algumas atitudes: montamos nosso próprio escritório, alugamos uma casa na praia e ficamos lá por dois meses para conversar, ajeitar as coisas e compor. Então conseguimos sair dessa crise existencial musical”, conta o vocalista Di Ferrero ao Virgula.”Tudo isso refletiu na nossa convivência e no mode de compor. Posso dizer que esse disco foi feito durante momentos muito felizes.”
Sobre as influências, Di conta que ouviram muita soul music e artistas como Al Green e Otis Redding: “O nosso produtor, Rafael Ramos, nos dava a lição de casa pra gente. Ele falava ‘Tal artista lançou disco novo, escutem que tem a ver com o som de vocês’, ou até mesmo um filme. O Rafa abraçou uma parada maior do que só a música. A química entre nós rolou na hora”.
Temas variados também estão presentes. “Tem algumas músicas que são para a minha mulher (a modelo Isabeli Fontana). Ela foi a inspiração para Meu Bem, por exemplo, e nada mais justo do que colocá-la no clipe. E tem outras músicas que são totalmente maliciosas e sexuais. Tem um som, Milianos, que fala sobre o momento que a gente está passando hoje. Pedra Murano é sobre um colar que eu usava e ele sempre estourava quando ia tocar. Esse colar era como um foco de energia. Ao invés de pegar em mim, pegava nele e por isso ele arrebentava. Ou seja, quando você está pleno, qualquer coisa vira música, um colar, sua mulher, observações na rua, etc”, conta Di.
A canção Fração de Segundo traz um convidado especial: Lulu Santos. “A gente ficou bem próximos e ainda queremos fazer algumas músicas juntos. Chamá-lo para cantar seria muito óbvio, e essa música precisava de um solo de guitarra, e o Lulu é o cara! Ele tem um estilo próprio de tocar. Ele foi como um mentor na música”, avalia Di a participação do lendário músico carioca.
“Depois dos 30 anos um buraco de novas influências musicais abriu na nossa cabeça. Quanto mais velhos ficamos, mais sabemos o que queremos e onde queremos estar”, finaliza o vocalista, comemorando essa nova fase, que pode ser coisa de astral ou posição da lua, como diz a música.