Lollapalooza 2014: Carrancudo, Jake Bugg faz show no Brasil
Créditos: Francisco Cepeda / AgNews
Jake Bugg não estava no palco Interlagos do Lollapalooza para fazer amigos. Pouco antes das 19h, ele entra no palco de camiseta preta, pega seu violão, se dirige ao microfone e começa a tocar. Nenhuma palavra para os fãs que estavam gritando seu nome. O inglês não faz questão nenhuma de interagir com a platéia. O seu máximo foi um “thank you very, very much”. O garoto emendava uma música na outra, não sorria, nenhuma palavra em português foi pronunciada, nada dos elogios que músicos internacionais gostam de derramar aos potes sobre o público brasileiro. Mas isso não prejudicou em nada o seu show.
Com 20 anos, Jake Bugg parece ser de uma espécie em extinção. Enquanto os caras de sua idade montam bandas de rock, ele mistura esse gênero com o country e o folk, tem uma voz vinda dos anos 1970, e uma atitude blasé que chega a ser irritante em alguns momentos — o que não o impediu de conquistar fãs durante a única hora em que ficou no palco. Se os fãs jovens estavam delirando, quem obviamente estava lá esperando o New Order dar as caras acabaram se rendendo ao inglês. Nos dez segundos que separavam uma música de outra, todos aplaudiam.
Bugg tem duas linhas. Na atmosfera folk, ele usa o violão e se aproveita de sua voz profunda para encantar a plateia, como quando ficou sozinho no palco para cantar Broken, de seu álbum de estreia. Mas quando é a guitarra que ele empunha, envoca o britpop que explodiu quando ele nasceu (vamos nos lembrar que Definitely Maybe, do Oasis, faz 20 anos em 2014, assim como o cantor) e contagia o público. Na última música do setlist, Lightning Bolt, que une as principais influências de Bugg, a plateia já estava completamente rendida: não tinha ninguém parado.
As oito horas em ponto, ele dá o último toque em sua guitarra. Fala “thank you very, very much” mais uma vez. Aplaude de mãos erguidas. Sai do palco. Jake Bugg é bom, sabe disso, e conquistou toda uma plateia com a simples eficiência do que é mais essencial em um show — a música.