Na década de 50, quando grandes orquestras faziam o baile acontecer, um rapaz negro, magro e de nome Osvaldo Pereira, chegou apavorando com um aparelho de som (feito por ele mesmo) numa mão, alguns discos na outra, e colocou as apresentações de bandas ao vivo no bolso, mudando o jeito de se fazer uma festa no Brasil. Hoje, aos 80 anos, o paulistano é considerado o primeiro DJ do país, e vai colocar uns disquinhos para rodar amanhã (sábado, 1) na festa Discology – Especial Décadas, no Skol Beats Factory, em São Paulo. Os DJs Camilo Rocha, Claudia Assef e Nedu Lopes também fazem parte do line-up.

Para saber o que o ‘Seu Osvaldo’ vai aprontar na pista, batemos um papo com ele, que foi super fofo e atencioso com a gente. O ‘senhorzinho’ também aproveitou para dar umas dicas de como um bom DJ deve se portar nas pick-ups para conquistar o público, e quem sabe, alcançar o sucesso. Você não duvidaria de conselhos de um homem com uma experiência dessa, certo?

Virgula Música: Qual é a sensação de ser considerado o primeiro DJ do Brasil?

Osvaldo Pereira: Pra mim isso é uma alegria muito grande. Me considero um privilegiado da época, porque arrumei um serviço em uma loja que consertava aparelhos de som e também vendia discos. Então, além de entender de montagem de aparelhos, e construir minhas próprias pick-ups, eu comprava discos a preço de custo. Eu nunca poderia imaginar que na minha idade eu estaria na ativa ainda.

Que tipo de música você mais gosta de ouvir em casa?E qual gosta de discotecar?

Para relaxar, sou muito focado em músicas brasileiras antigas, da década de sessenta. Naquela ocasião, Miltinho, Elza Soares e Jamelão faziam muito sucesso. Também ouço big bands, Glenn Miller, e o coqueluche da época, o Ray Conniff, que apareceu com umas músicas muito bonitas. Nas festas, gosto de entrar com canções dos anos 50 e 60, mas também gosto muito de música moderna, como Tim Maia, Jair Rodrigues e Simonal.

O que você acha dos DJs atuais que usam laptop ou pen drive?

A evolução da tecnologia avançou muito, mas não podemos se esquecer de onde veio a música: dos discos. O LP ainda continua sendo um glamour. O pessoal do hip hop dá muito valor a isso. Sobre os novos aparelhos, é uma facilidade da época, mas as pessoas devem fazer pesquisas para saber como eram os equipamentos antigos e quais os recursos usados na época para entender o que é feito hoje.

O que um bom DJ precisa ter para se destacar?

Um bom DJ tem que primeiramente gostar muito de música. Depois ir às festas, ver os DJs, e quando for fazer um baile, saber agradar o público. Nós agradamos a nós mesmos quando estamos em casa, mas quando estamos numa festa temos o dever de fazer o público dançar. Tem que ir sentindo o pessoal da pista para atingir o objetivo. É uma coisa de feeling, que se aprende com o tempo. Quando as pessoas estão dançando eu também estou dançando junto com elas, mesmo parado.

O que você pretende tocar na festa Discology no próximo sábado? Pode adiantar pra gente?

Espera um pouco que vou pegar a minha lista. (alguns minutos depois). Pronto! Vou tocar algumas big bands, Rita Pavone , Johnny Rivers, Ray Conniff, Sérgio Mendes, Quincy Jones, Benito Di Paula, e alguns que não vou falar para não estragar a surpresa. Posso adiantar que vai ser uma discotecagem chique, bastante seleta.

SERVIÇO: 

Discology Especial Décadas@Beats Lounge

Line-up:
Osvaldo Pereira (anos 50/60)
Clau Assef (anos 70)
Camilo Rocha (anos 80)
Nedu Lopes (anos 90)

Quando: 1 de novembro (sábado), às 19h00

Onde:Skol Beats Factory – Av. Pedroso de Moraes, 1036, São Paulo

Evento aberto ao publico, sujeito a lotação.
Entrada permitida somente para maiores de 18 anos, necessária apresentação de documento

 


int(1)

Cinco perguntinhas para Osvaldo Pereira, o 1º DJ do Brasil: “Em uma festa temos o dever de fazer o público dançar”

Sair da versão mobile