Mais um caso de assédio foi relatado por uma usuária do serviço de transporte por aplicativos em São Paulo. Gabriela Balbino contou em seu Facebook neste domingo (10) que foi ameaçada e xingada por um motorista que utiliza o aplicativo 99, antiga 99taxis.
No depoimento, a garota afirmou ter pedido o veículo em um bar na região da rua Augusta, zona central da capital paulista, sendo atendida pelo motorista Adelson Lima Soares. “Adelson estava a 7 minutos de distância e, passado alguns, me ligou para avisar que estava vindo. Adelson me ligou já me chamando de “gatinha”, fiquei com o pé atrás, mas não cancelei a corrida, afinal fora somente um “gatinha”, talvez não significasse nada, e eu realmente precisava ir para a minha casa. De qualquer forma, tirei foto dos dados dele e mandei para minhas amigas – caso fosse algo sério, assim seria mais fácil me salvarem”, contou ela.
O relato segue: “Depois de um tempo, vi um carro vermelho parar lá no fim da rua, talvez fosse Adelson parado no número errado e no lado errado da rua, os motoristas às vezes fazem isso. Fui lá, perguntei o nome do motorista, afinal quando se é mulher qualquer segurança é necessária, e Adelson confirmou seu nome”.
Ela, então, conta como se iniciou a atitude violenta do profissional. “Entrei no carro, Adelson trancou as portas e começou a brigar comigo por ter perguntado seu nome, porra já tem a placa e a cor do carro dele no meu aplicativo né caralho!!! Tá com medo de ir no meu taxi caralho?? Pega uber então porra. Adelson não parava de me atacar verbalmente e de ameaçar me largar no meio do nada, enquanto eu tentava acalmá-lo e explicar que eu só havia perguntado seu nome, não havia motivo para tanta revolta”, afirmou.
“Adelson não parou por nenhum instante de me atacar e me ameaçar, inclusive até fez graça “fica sendo mal educada comigo depois vai reportar pra 99 que eu assediei”. Aí eu desisti pela segunda vez, falei pra Adelson cancelar a corrida (tive que repetir várias vezes até ele finalmente cancelar) e saí correndo do carro enquanto ele me gritava xingamentos, ficar perdida na rua escura sozinha era bem melhor que ficar num carro-taxi com Adelson”, disse ela.
Gabriela afirmou ter gravado trechos da conversa e realizado um boletim de ocorrência. Segundo outra passageira que entrou em contato com Gabriela, o motorista já havia sido denunciado por ela por um caso semelhante, mas a 99 não o descadastrou.
O Virgula entrou em contato com a 99, que enviou a seguinte nota:
A 99 repudia o ato de assédio e se solidariza com todas as mulheres que vivenciam esse tipo de violência.
Estamos em contato com a passageira Gabriela Balbino, que publicou, neste final de semana, nas redes sociais, relato de um caso durante corrida de táxi em São Paulo, intermediada pelo app 99.
Bloqueamos o acesso ao app do motorista denunciado e estamos oferecendo o apoio necessário à Gabriela.
Para denunciar qualquer tipo de ocorrência de segurança numa corrida da 99, ligue para 0800-888-8999. Temos uma equipe dedicada 24h por dia, 7 dias por semana, para atender a situações de vulnerabilidade.
E sempre que possível use e divulgue o Opcional Mulher: serviço exclusivo de motoristas mulheres da 99
Leia abaixo o relato na íntegra:
Hoje, saindo do Tex Bar, após uma noite daoríssima com amigos, chamei um 99. Tipo uber, mas do antigo 99taxi. Primeira tentativa, o motorista aceitou mas não saía do lugar. Segunda tentativa, nenhum carro disponível. A terceira tentativa foi Adelson. Adelson estava a 7 minutos de distância e, passado alguns, me ligou para avisar que estava vindo. Adelson me ligou já me chamando de “gatinha”, fiquei com o pé atrás, mas não cancelei a corrida, afinal fora somente um “gatinha”, talvez não significasse nada, e eu realmente precisava ir para a minha casa. De qualquer forma, tirei foto dos dados dele e mandei para minhas amigas – caso fosse algo sério, assim seria mais fácil me salvarem. Depois de um tempo, vi um carro vermelho parar lá no fim da rua, talvez fosse Adelson parado no número errado e no lado errado da rua, os motoristas às vezes fazem isso. Fui lá, perguntei o nome do motorista, afinal quando se é mulher qualquer segurança é necessária, e Adelson confirmou seu nome. Entrei no carro, Adelson trancou as portas e começou a brigar comigo por ter perguntado seu nome, porra já tem a placa e a cor do carro dele no meu aplicativo né caralho!!! Tá com medo de ir no meu taxi caralho?? Pega uber então porra. Adelson não parava de me atacar verbalmente e de ameaçar me largar no meio do nada, enquanto eu tentava acalmá-lo e explicar que eu só havia perguntado seu nome, não havia motivo para tanta revolta. A primeira vez que eu desisti eu só parei de tentar acalmá-lo, parei de responder, o que o fez começar a dizer que eu estava sendo mal educada com ele, que eu ia pra balada e não sabia beber “se não sabe beber, não bebe!” (eu estava 100% sóbria), entre outras coisas. Ficava perguntando repetidamente se eu estava puta, perguntas as quais eu respondia “eu to de boas, por que você não dirige?”. Adelson não parou por nenhum instante de me atacar e me ameaçar, inclusive até fez graça “fica sendo mal educada comigo depois vai reportar pra 99 que eu assediei”. Aí eu desisti pela segunda vez, falei pra Adelson cancelar a corrida (tive que repetir várias vezes até ele finalmente cancelar) e saí correndo do carro enquanto ele me gritava xingamentos, ficar perdida na rua escura sozinha era bem melhor que ficar num carro-taxi com Adelson. Corri até achar um posto de gasolina, onde os frentistas me disseram onde eu estava e eu pude pedir um taxi branco que me levou pra casa enquanto eu segurava o soluço no banco de trás.
Mas Adelson mexeu com a pessoa errada. Adelson não sabe que eu gravei uma parte do que ele tava falando, nem que eu tirei prints da tela do meu celular, e não sabe também que, além de reportar ele pro aplicativo, eu tô fazendo um BO contra ele e escrevendo um post sobre ele que eu faço questão que viralize. Se fudeu, Adelson.
– Acabei de receber uma mensagem de uma mulher que sofreu assédio desse mesmo motorista no mês passado. Ela avaliou Adelson negativamente, avisou a empresa sobre o assédio. E mesmo assim, hoje, foi esse cara que atendeu a minha corrida.
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