Mariana Villanova é uma youtuber internacional. Com seguidores de todas as partes do mundo, ela, que tem mais cerca de 40 mil inscritos na rede e 22 mil curtidas em página no Facebook, reveza entre brasileiros e gringos no seu público.
Sua posição, porém, é mais branda em relação ao racismo e a ainda pequena presença de youtubers negras no protagonismo na web. “youtubers negras entraram no Youtube um pouco mais tarde, as meninas negras não tinham um assunto principal para falar. Depois que surgiu essa questão da identidade, a negra começou a falar de si sem vergonha e começaram a aparecer pessoas querendo falar do assunto”, diz ela.
Mariana fala especificamente de beleza natural e capilar. Assim, consegue milhares de comentários, visualizações e muita interatividade com vídeos tutoriais e conselhos que se espalham pela internet. A história dela está aqui embaixo e quem contou foi ela mesmo.
O começo
Comecei o canal porque tinha química no cabelo e resolvi clarear. Gravei isso e coloquei no Youtube, e eu não sabia nada sobre ele, só queria postar o vídeo e compartilhar essa informação. Postei o vídeo, que é muito amador. Por coincidência, eu coloquei palavras que as pessoas buscam bastante. Uns três meses depois eu voltei e vi que 7 mil pessoas tinham assistido ao vídeo, e então resolvi gravar e fui contando sobre minhas experiências com beleza natural, vi que estava dando certo, que as pessoas interagiam, e isso fez com que eu me sentisse útil e pegasse gosto.
O público
Meu público é, em sua maioria, mulheres entre 18 e 24 anos. Nem todas são negras. Algumas simpatizam com a cultura negra, com o cabelo crespo. Muitas nem têm cabelo crespo ou cacheado, mas acabam assistindo ao vídeo pois se identificam comigo de alguma forma.
Responsabilidade do Youtube em falta de youtubers negras
Não acho que o Youtube tenha alguma responsabilidade nessa diferença. Mas é o seguinte, as youtubers negras entraram no Youtube um pouco mais tarde, as meninas negras não tinham um assunto principal para falar. Depois que surgiu essa questão da identidade, a negra começou a falar de si sem vergonha e começaram a aparecer pessoas querendo falar do assunto. E após isso surgiu muita gente falando sobre outros assuntos, e a comunidade negra começou a falar de maquiagem, livros, filmes e todos os assuntos que tinha público para assistir. Então acho que foi uma questão de chegar primeiro e de identificação com o público. Óbvio que existem mais pessoas que assistem youtubers brancas do que com negras, o número de pessoas que conhecem canais de negras é menor. Acho que do Youtube até ajuda, porque já recebi vários convites do Youtube para encontros em São Paulo para falar sobre a cultura negra, sobre empoderamento negro. E quando recebi esses convites, vi que eles convidavam youtubers que tinha pouquíssimos escritos. Acho que ele vem dando oportunidade sim, basta a gente aproveitar essa oportunidade para tomar o que é nosso.
Racismo
Nunca sofri racismo. Aconteceu apenas uma vez. Uma pessoa que não tinha foto de perfil e me mandou um comentário. Todos meus comentários precisam ser aprovados porque muita gente chega lá pra mandar discurso de ódio e racismo contra outras pessoas. E essa pessoa comentou em um vídeo e perguntou se aquilo também servia para cabelo bom ou só para cabelo ruim também.
Artistas negros determinantes para música
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